sexta-feira, 8 de junho de 2012

Questões enviadas pelos alunos relacionadas ao livro


FENTON, Natalie. New media, old news: journalism and democracy in the digital age. London: Routledge, 2011.

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No ambiente da transmissão televisiva vem se verificando “a perda na qualidade” da programação da “TV Aberta”, segundo alegam os críticos, para “forçar” a migração de determinado perfil da audiência para a “TV Por Assinatura”, aumentando assim o índice de assinantes. Diante da exposição feita no capítulo 2 de New Media, Old News também poderíamos apontar “a perda da qualidade” dos veículos, como uma das possibilidades pela diminuição dos leitores nos impressos?


A noção apresentada na conclusão do capítulo 10, considerando o ambiente da internet quase sempre como um “sublinhador” ao invés de “desafiador” da grande mídia, no seu papel de gatekeeper, desmistifica a noção libertária da rede? Ou isto ainda é reflexo de um processo de adaptação da produção de notícias na era digital?


O conceito de "hospitalidade" (FREEDMAN et al., no capítulo III) relacionado ao fluxo midiático abarca a ideia de um espaço comum no qual grupos divergentes em posicionamentos podem ser reconhecidos como agentes sociais e morais. Considerando jornais sensacionalistas e espetacularizantes (como o "Massa!", por exemplo), é possível pensar estes veículos enquanto "agentes morais" no contexto neo-aristotélico em que os autores estão situados? 


Relacionando o texto de Freedman et al. com Freedman (capítulos III e II da parte I, respectivamente), sobre a questão da ética e das novas dinâmicas na produção, veiculação e recepção das notícias, problematizamos: a participação do leitor comum na produção de matérias não carece de uma legislação mais apurada para verificar se os veículos não estão "explorando" este espectador sob a falácia de uma participação? Ou melhor, já que muitas vezes o "furo" é dado por pessoas desvinculadas a determinado jornal, não seria "justo" por parte destes meios pensar maneiras de recompensar (inclusive financeiramente) a participação dos leitores? 


De acordo com os autores Redden & Witschge (2010) “O foco na velocidade e na idéia de constantes atualizações de notícias ao vivo cria a necessidade de um envio contínuo e atualização de histórias, que, devido à falta de recursos (e falta de novas informações reais) leva à atualização incremental e reutilização de material”, como também ressaltam que Editor de cidade do Daily Mail Alex Brummer também argumentou que muitos jornalistas são influenciados por operações de manipulação de relações públicas ou o medo de perder o acesso se eles são muito críticos (Robinson, 2008)”; levando a homogeneidade entre as fontes mainstream de notícias. É possível pensar que esses altos índices de homogeneidade podem estar correlacionados à gerenciamento de impressão institucionais das agências de notícias com fins transnacionais e oligárquicos; considerando que quando há mais acessos aumenta a audiência nos sites sobre uma informação, e isso pode convocar a um estado de relação de consumo, culminando com as repetições de conteúdo?

Considerando as ideais dos autores Redden & Witschge(2010) que “Homogeneidade no conteúdo noticioso pode delimitar a forma como as representações e opiniões on-line são formadas, de-formadas e reformadas que, em combinação "fornecem os materiais ideacionais que constroem a base sobre a qual a política e as políticas operam" (Giddens, citado em Castells, 2008: 80) e que “Tais achados são relevantes, dado que a internet é cada vez mais um local-chave para a articulação das questões sociais, uma fonte de informação primária, e tornou-se incorporada no cotidiano de grande parte do mundo ocidental (Mautner, 2005)”; parece que mesmo diante de toda a discussão de democratização da circulação de informação e inteligência coletiva, é possível pensar em uma repetição da microfísica de poder expressos no poder pedagógico da mídia sobre a construção de discursos sócio-culturais (Focault) fruto das relações face-face, agora no universo do fazer notícia on-line?

Em sua contribuição para o livro New Media, Old News (2010), Joanna Redden e Tamara Witschge constataram homogeneidade na cobertura de histórias pelos tradicionais sites de notícias do Reino Unido. Citando Castells, elas defendem que 'a falta de diversidade de conteúdo on-line é significativa, sobretudo, se pensarmos na Internet como uma esfera pública (...), um repositório cultural e informativo de ideias e projetos que alimentam o debate público'. Mas qual tipo de diversidade de conteúdo online deve ser requerido? Como garantir o aumento da participação democrática com qualidade, sem que essa abertura para o debate seja apenas uma alarido de vozes conflitantes que em boa medida pode paralisar a deliberação?

Des Freedman (2010) acredita que a internet está perturbando um modelo de negócios de notícias existentes, que tem, até agora, dado um contributo importante para o conhecimento e o debate público. O futuro para as organizações seria continuar a investir em jornalismo original e procurar maneiras de tornarem-se relevantes para o público. Sendo assim, o que pode garantir um papel de destaque para os jornalistas na produção das notícias do futuro é o seu conhecimento especializado? Mais do que estar no lugar certo, na hora certa e com as ferramentas certas, o diferencial está em 'interpretar' os fatos? Ou é inevitável a diluição da 'autoridade' jornalística diante da 'independência' dos produtores/consumidores?

O jornalismo contemporêneo é marcado pera pola possibilidade de armazenamento por meio dos bancos de dados digitais. Neste cenário, a potencialidade da memória passará a ser utilizada para desponibilizar ao público conteúdo para além da reportagem em si, como entrevistas e documentos na íntegra? A disponibilização do material base do jornalista para a construção da matéria, criando diferentes níveis de leitura, seria uma forma de transparência por parte dos veículos de comunicação?

O advento a popularização dos sites de redes sociais, especialmente Twitter e Facebook, possibilitou à população um mecanismo ágil e de alcance para constestação. Com isso, são cada vez mais recorrentes movimentos online que contestam determinadas posturas de veículos de comunicação, vide os casos recentes da Veja, Globo e A Tarde. Podemos afirmar que este novo cenário vai exigir uma maior accoutability dos meios de comunicação? Os veículos terão que ser mais transparentes em suas atitudes e terão que prestar contas de suas escolhas, posturas e atitudes?

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