sexta-feira, 20 de julho de 2012

Questões enviadas pelos alunos relacionadas ao livro:


COUTO, Edvaldo Souza; ROCHA, Telma Brito. Identidades contemporâneas a experimentação de “eus” no Orkut. In COUTO, E. S.; ROCHA, T. B. A vida no Orkut: narrativas e aprendizagens nas redes sociais. Salvador: EDUFBA, 2010

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De acordo com seu livro, Couto(2010) traz uma discurssão sobre o internetês” que parece se afinar com o trecho de Santaella(2008)que entende as mídias digitais como sendo “um sistema simbólico multimodal que designa a diversidade de formas de circulação dos enunciados ao empregar a linguagem verbal, visual e sonora e compor um novo código marcado pela hibridização e pela multissemiose”, para descrever o fenômeno das narrativas digitais. Couto(2010) diz que essas narrativas apontam traços de oralidade; parecendo indicar uma necessidade de restaurar uma conversação face-face. Podemos pensar que o uso de modificações gráficas (onomatopéias, reprodução da fala,repetição de letra…)podem ser um recurso de compensação; via hibridização e multisemiosse na comunicação verbal; diante da ausência de signos, significados e significantes oriundos da conversação presencial física; com seu repertório de estímulos, dentre eles os da comunicação não verbal(como os gestos, emoções, tonalidades vocálicas, toques, sensações…compartilhados)?

De acordo com Couto(2010) o internetês é um dialeto social, e o conceitua citando Dubois(1978) que é um sistema de signos usado por um grupo social e em referência a esse grupo. Ele segue dizendo que o internetês é um dialeto de escrita que reproduz elementos da fala, e que adquire contornos específicos de região para região do Brasil. De acordo com essa perspectiva é possível então pensar em uma linguagem da internet, e com expressividade de fenômeno global? Ou teriamos diversos dialetos sociais no mundo ciberizado?

Segundo Edvaldo Souza Couto e Telma Brito Rocha, "As dinâmicas que misturam e pulverizam as identidades contemporâneas estão também fortemente presentes nas redes sociais, típicas da cibercultura...". Isso pode indicar que não podemos afirmar "ser alguém de determinada forma", sob o risco de estarmos divulgando uma versão já obsoleta de nós mesmos, uma vez que estamos em constante transformação, adicionando pecinhas e mais pecinhas de um quebra-cabeça sem fim?

De acordo com Tadeu R. Bisognin e Maria José B. Finatto, "(...) o internetês que exploramos mostrou-se, em primeiro lugar, com um grande conjunto de alterações de grafia: exibe grande número de abreviaturas, siglas, neologismos, palavras cifradas, estrangeirismos, desenhos, ícones, símbolos, até mesmo segmentos que correspondem a um amontoado de letras." Essa nova "linguagem" prejudica o aprendizado da língua portuguesa (no caso de brazucas, como nós...) ou pode ser encarada como o aprendizado de uma nova língua, guardada suas devidas proporções, como um inglês ou alemão?

Desde que foi criado em 2004 e adaptado ao português em 2005, o Orkut se tornou a primeira rede social mais popular no Brasil. E ainda que esteja perdendo a vez para o Facebook, seus números de acesso ainda são expressivos. Na tentativa de entender o fascínio por esta rede social entre jovens brasileiros, Medeiros conclui que "não poderia haver Orkut em outra sociedade, nem adoslescentes fascinados pelo Orkut em outro tempo". Assim posto, as relações sociais e as práticas discursivas efetivadas por meio do Orkut amplificam narrativas sobre si e sobre os outros já dadas em nossa sociedade ou as recriam de tal modo que podemos falar em novas narrativas? Os atributos de personalidade valorizados e expressos por meio das definições do perfil e da associação a amigos e/ou comunidades estão dados de igual maneira no Orkut ou fora dele?

Problematizando os perfis fakes no Orkut, Couto e Rocha defendem que a grande maioria dos usuários experimenta outras identidades nesta rede social para demonstrar sentimentos, percepções, desejos, gostos que poderiam ser ridicularizados e promotores de constragimentos na vida off-line, mas que são celebrados e festejados na dinâmica efêmera e plural da internet. Admitindo que o dualismo on-line e off-line não mais se sustenta e tendo em conta que perfis ainda são excluídos por violar as políticas e diretrizes de utilização desta rede social, qual o efeito do politicamente "correto" ou "incorreto" nos usos que se faz do Orkut e em suas dinâmicas de construção, desconstruçao e reconstrução dos modos de ser na contemporaneidade?

Bisognin e Finatto (2010) destacm o uso do "internetês" como característica concernente a redes sociais online como Orkut. Na medida em que caminhamos no sentido de redes sociais mais impessoais e menos restritas ao círculo de relações do próprio usuário, como o Facebook, tenderemos a dar mais espaço para uma linguagem amis próxima da norma culta?

Sampaio e Bonilla (2010) afirmam que "as novas formas de ser e estar passam pela articulação em rede, pela colaboração e processos horizontais que oportunizam o fluxo contínio de comunicação, aprendizagem, produção de conhecimento e cultura". Em que medida esta imersão profunda no ambiente online se tornará regra na sociabilidade e aprendizagem das pessoas? Mais imersão necessariamente significará sempre um uso 'melhor' do ambiente online?

No artigo de Rosângela de Araujo Medeiros, o fascínio é abordado enquanto categoria que - ao ”provocar um sentimento de contentamento e insuficiência” no usuário - estimula este, a dispor de suas energias para acessar o computador. A partir desta categoria, como pensar as construções identitárias na redes sociais? Em que medida o fascínio do usuário, com as redes sociais de internet, com ele mesmo e com os outros, influência as construções identitárias nestes ambientes? Esta noção de fascínio – contentamento, insuficiência - não acaba por comparar um usuário de RSIs a um viciado?

Ainda hoje, pelo menos no Brasil, a maior parte das medidas governamentais e políticas públicas da educação parecem acreditar que as tecnologias de comunicação devem se adaptar ao tradicional método de ensino ao invés de expandi-lo e reconfigurá-lo. Como incentivar a mudança desta mentalidade na educação brasileira e incentivar que os gestores e professores invistam em iniciativas de colaboração, criatividade e expressão trazidas pela internet?  Como desenvolver as estratégias pedagógicas para lidar com este novo tipo de estudante, que querendo ou não já esta inserido em uma sociedade digital? Projetos como o "Tabuleiro Digital" apesar de interessantes não são muito restritos e poucos efetivos?

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