quarta-feira, 16 de maio de 2012

Questões enviadas pelos alunos relacionadas ao texto

SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008 (p. 01 – 27, 29-52, 267-276).


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Podemos pensar a ambiência virtual como um arcabouço, uma justa arquitetura como ferramenta de potencialização para a objetivização do invísivel do espetáculo, vir a se tornar vísivel na sociedade espetacular ?

O movimento de ativismo digital (mobilização on line tipo Kickstart, Catarse, TED…) pode ser pensado como uma contracultura do espetacular(hackear ‘o sistema); no sentido de promover o diálogo, de protagonismo social, em um retorno à busca de sentidos de si em um re-enlçamento social na direção de um projeto e inteligência coletiva. Esse comportamentos virtuais não estariam para além do consumo viciante de self’s mercadologicamente disciplinados na visibilidade pelo outro; fruto de relações efemeras e fragéis(anomia), numa obsolescência identitária do parecer na sociedade espetacular?

Do texto ‘O show do eu’ de Paula Sibilia, infere-se que nos dias de hoje para ser alguém é preciso ser visto. A autora afirma que “em meio aos vertiginosos processos de globalização dos mercados em uma sociedade altamente midiatizada, fascinada pela incitação à visibilidade e pelo império das celebridades, percebe-se um deslocamento daquela subjetividade ‘interiorizada’ em direção a (...) construções de si orientadas para o olhar alheio ou ‘exteriorizadas’” (p. 23). Sendo assim, na atualidade importa sobretudo que os outros nos vejam, para o bem ou para o mal? Ou importa o modo como nos apresentamos para os outros? Qual tem sido a respostacomum a essa nova demanda diante das milhares de ferramentas atualmente disponíveis para a exibição da intimidade?

Em sua teoria crítica, Guy Debord afirma que o espetáculo, considerado sob o aspecto dos meios de comunicação de massa, está longe da neutralidade. Considerado hoje sob o aspecto das mídias interativas que evocam a cultura da participação/colaboração, poderíamos supor que os mecanismos de manutenção desta ‘sociedade do espetáculo’ se sofisticam uma vez que se complexificam as relações de poder e as dinâmicas sociais? Tomando as recentes declarações das ‘celebridades’ brasileiras Sabrina Sato e Marco Luque sobre as estratégias engendradas para promover determinadas marcas ou produtos no Twitter - convidados do 5º MediaOn, eles contam como se tornaram veículos de ‘si próprios’, chegando a ganhar R$15 mil por tweet patrocinado – em que medida as novas estratégias do mercado publicitário ainda encontram base na ideia de ‘consumidores reais como consumidores de ilusões’? Até que ponto o público em rede tem clareza sobre essa aparente
espontaneidade das 'celebridades' e/ou consome o fato, mensagem, marca, produto?

No tópico 12, do primeiro capítulo de “A Sociedade do Espetáculo”, Debord fala sobre a inacessibilidade do espetáculo. Ainda neste mesmo tópico, é citada a mensagem do espetáculo, como a frase síntese de que nele “o que aparece é bom, o que é bom aparece”. A título de observação das afirmações acima, no ambiente das CMC, mais precisamente das chamadas mídias sociais, podemos correlaciona-las a duas características antes mencionadas. A primeira revela a noção de que no ambiente das mídias sociais “todos podem ser famosos para quinze pessoas”. E a segunda, é a possibilidade que o usuário de plataformas como o Twitter tem de interagir de algum modo (sejam re-twitter ou @reply) com as “celebridades” dos agora chamados “tradicionais veículos massivos”. Diante destas características, seria possível afirmar que as mídias sociais tem criado a falsa noção de que o espetáculo é acessível? Ou de fato, elas potencializaram o acesso ao espetáculo?
Paula Sibilia lembra que “Se persistirem as condições atuais (e por que não haveriam de persistir?), dois terços da população mundial nunca terão acesso à internet”. No mesmo texto é apontada as modificações que a “vida online” tem propiciado na representação do “eu”. Diante da diferenciação entre os habitantes de dois mundos, um “online” e outro “offline”, pode-se inferir que o futuro da humanidade (talvez nem tão distante assim) reserva a formação de dois tipos principais de “eu”?

No livro de Guy Debord podemos observar que apesar de todo o pessimismo do autor em relação a sociedade espetacularizada, ainda assim, ele parecia acreditar na existência de uma saída para aquela situação, no caso, as transformações dos anos 60.  Levando em conta o panorama apresentado por Sibila é possível vislumbrarmos uma saída/fuga deste processo de espetacularização da intimidade?

Desde o inicio da disciplina tenho pensando muito nesses processo de auto-apresentação e  gerenciamento de impressões sob o ponto de vista da pessoa que gerencia, da que quer passar determinada imagem. Mas se pensarmos nesta espetacularização do eu, do ponto de vista de quem consome a intimidade alheia, já que este é sempre um processo de troca, o que estaria por traz desta motivação de acompanhar com tanto afinco o “show da vida dos outros”?

“Nosso tempo, sem dúvida... prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser...”Com isso a representação do que sou se torna mais importante do que eu realmente sou?

O que nos levaria a dar mais importância a aparência do outro do que  o que ele realmente é, já que preferimos “a representação à realidade, a aparência ao ser”?

A afirmação de Debord de que “a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo no real” parece se encaixar perfeitamente no modelo atual de exploração midiática da violência         . A audiência crescente de formatos televisivos que expõem ao máximo a violência (não somente programas jornalísticos, mas séries, telenovelas, etc) demonstram o gosto que o publico parece nutrir pelo medo, a insegurança e o horror. Mas, partindo-se também da reflexão de Debord, esta não seria a “chave” para explicar o crescimento da violência na sociedade?

O Marketing vem explorando amplamente a internet como espaço midiático e de consumação de negócios. Como arqumenta a autora Paula Sibilia, “a capacidade de criação é sistematicamente capturada pelos tentáculos do mercado, que atiçam como nunca essas forças vitais e, ao mesmo tempo, não cessam de transformá-las em mercadorias”. Neste sentido, não podemos inferir que a valorização do “eu”, na verdade, não se trata de uma mera estratégia para lucrar com a imagem alheia e com a suposta sensação de visibilidade e fama que as pessoas desejam alcançar?

Guy Debord defende que a vida humana se consuma como simples aparência e que o espetáculo tem na sua essência que "o que aparece é bom, o que é bom aparece". Estas características se refletem no atual cenário de produção jornalística em que a imagem se sobrepõe sobre o conteúdo e o os critérios de noticiabilidade são sobrepostos pelo que está sob os holofotes. De que forma é possível superar o jornalismo "espetaculista" que gera divisas financeiras para a "economia reinante" e resgatar a centralidade de temas concernentes à democracia e aos negócios públicos? Haverá o jornalismo sério de espetacularizar-se, moldando-se ao fomato em que predomina a aparência e ganhando contornos de entretenimento?

Paula Sibilia analisa a intimidade como parte preponderante do espetáculo da sociedade contemporânea. A exposição desta intimidade, seguido o preceito da irresistibilidade de espiar pela fechadura, se transpõe para o jornalismo como forma de fisgar leitores. Os principais portais jornalísticos barsilieros, incluindo os vinculados a jornais seculares e revistas tradicionais, tem potencializado a vinculação de conteúdo atrelado a vida privada de anônimos e famosos como forma de catapultar a audiência e o número de page-views. Como sobrepor esta ordem da multiplicação do conteúdo jornalístico irrelevante e ao mesmo tempo se manter economicamente pujante e rentável? O jornalismo online autossustentável tem que necessariamente passar pela potencialização, uma quase que dominação da não-notícia?

 "Nosso tempo, sem dúvida... prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser..." De acordo com o recorte do texto, extraído de "A Sociedade do Espetáculo", de Guy Debord, figuras como a "estudante universitária do vestidinho colado e rosa" que não lembro o nome por causa da minha memória (muito) seletiva, bem como todos os tipos de mulheres-frutas, para ficar só em poucos exemplos, recebem atenção da mídia porque as pessoas se interessam mais por esse tipo de assunto, ou, as pessoas se interessam mais por esses assuntos porque a mídia dá mais atenção a isso?

"Quando mais a vida cotidiana é ficcionalizada e estetizada com recursos midiáticos, mais avidamente se procura uma experiência autêntica, verdadeira, não encenada. Busca-se o realmente real - ou, pelo menos, algo que assim pareça. Uma das manifestações dessa fome de veracidade na cultura contemporânea é o anseio por consumir lampejos da intimidade alheia." Segundo o trecho do texto "O show do eu: A intimidade como espetáculo", de Paula Sibilia, estamos condenados a assistir reality-shows pasteurizados (como os intermináveis BBBs), pelo resto da vida? Ou, com a chegada da internet, outros modelos de experiências, mais segmentadas e menos fúteis, podem aparecer e fazer frente a esses deprimentes programas?

As ondas de vandalismo ocorridos em 2011 na Inglaterra, organizadas espontaneamente por pessoas através de SMS configuram, à luz das críticas feitas por Guy Debord, um rompimento abrupto à sociedade do espetáculo ou, por outro lado, esta configuração social abarca também atitudes desviantes, por mais radicais que sejam?

Relacionando a ideia da humanidade inserida em um estado de nova barbárie (apresentada por Sibilia, na p. 41) com a utilização da web para finalidades "úteis" (petições públicas em prol de causas benéficas à sociedade, por exemplo), emerge a questão: a rede não dispõe de ferramentas que "compensariam" seus pontos negativos? A própria falência do narrador (à Benjamin) não encontra, no ambiente digital, roupagens que fujam a uma classificação exclusivamente pejorativa?

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