sexta-feira, 20 de abril de 2012

Questões enviadas pelos alunos relacionadas aos textos


BARASH, Vladimir; DUCHENEAUT, Nicolas; ISAACS, Ellen; BELLOTTI, Victoria. Faceplant: Impression (Mis)management in Facebook Status Updates.

MARWICK, A.; BOYD, D. I tweet honestly, I tweet passionately: Twitter users, context collapse, and the imagined audience.

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Algumas pesquisas sobre comportamentos dos usuários no Facebook, incluindo uma recente da Hi-Mídia e  M.Sense, revelam que esta rede tem forte apelo para comunicação com familiares e amigos, muitas vezes já conquistados no “ambiente offline”. Este tipo de relação mais próxima pode explicar, pelo menos em parte, o êxito das dimensões “cool” e "entertaining" para um face work de sucesso nesta rede?

A diversidade da audiência no Twitter pode de fato dificultar o processo de auto- apresentação?  Ou tendemos a simplificar a audiência imaginada para facilitar o nosso gerenciamento de impressões?

No texto Faceplant: Impression (Mis)management in Facebook Status Updates, os autores sugerem as dimensões cool e entertaining como relevantes para o sucesso de face-work em sites de redes sociais, especificamente em atualizações de status do Facebook, mas não poderíamos supor que este sucesso é contextual? Melhor dizendo, auto-apresentações não seriam bem sucedidas com base em intenção e expectativas? A audiência como “amiga” não pode esperar e até mesmo reivindicar do participante atualizações uncool e boring para se filiar? Ou seja, esses atributos seriam socialmente aprovados por quem e para quem?

Marwick e Boyd afirmam que no Twitter existe uma desconexão entre followers e followed. Isso também não indicaria uma desconexão de foco (no sentido usado por Feld como as circunstâncias e razões pelas quais as pessoas se encontram e formam laços com as outras) nesta interação social online? Por exemplo, o fato de ser mais fácil discordar ou criticar os outros no Twitter porque eles não são nossos “amigos”, comprovaria esse descompromisso maior entre as conexões e/ou um maior comprometimento com nossas próprias opiniões? Então, o que une de fato as pessoas neste ambiente?

O texto Faceplant - Impression (Mis) management in Facebook menciona que os usuários das redes sociais, para construir imagens bem sucedidas, tendem a postar feeds que reforcem a idéia de que são legais ou divertidos – ddimensões que, segundo os autores, são vistas como mais predominantes no “jogo” de gerenciamento de impressões. Mas o que dizer dos usuários que conseguem projeção/fama nos SNSs investindo em atributos “negativos”, como sarcástico, briguento ou mal-humorado?

O twitter do jornalista Ricardo Noblat foi apontado como um dos mais seguidos do Brasil e o mais influente na área política, podendo ser considerado uma microcelebridade brasileira. Citado este exemplo “nacional”, quais são os desafios enfrentados no processo de gerenciamento do publico em rede, uma vez que o universo de seguidores tende a ser crescente e com perfis os mais diversos possíveis? O tempo e a energia necessários para que o “dono/autor” do twitter faça um gerenciamento eficiente de sua rede (analisando os feedbacks, verificando a repercussão de seus posts e dando respostas) não estaria sendo desviados daquilo que deveria ser a meta principal dos seus tweets (expressar uma opinião, contar algo de vivenciou, compartilhar uma informação, etc)?

Os resultados da pesquisa de Barash mostram a alta relevância das postagens ‘cool and entertaining updates ‘ para gerenciamento de micro impressões de sucesso. Essa tendência  não plenamente percebida pelos usuários; pode anunciar faces simuladas para fins intencionais de controle e manipulação em sites de consumo e ou espaços virtuais(como jogos) que viciam?

Pensando nas ideias de Jodi Dean (2002), o comportamento no twitter pode ser pensado como uma compulsão por um consumo narcísico do que em si mesmo é passível de ter/ser desejado pelo outro?

 Embora o trabalho de Goffman nos passe uma bem estabelecida metáfora (palco e platéia) para a compreensão do gerenciamento de impressão, o texto de Barash, Ducheneaut, Isaacs e Bellotti nos mostra a possibilidade de um espetáculo com um "palco flexível", que "se adapta à platéia" de acordo com "os aplausos ou vaias"?

Segundo o texto de Marwick e Boyd, "muitos indivíduos conceituam um público imaginário, que é evocado por meio de seus tweets". Essa necessidade de se comunicar visando aumentar a audiência, influenciada pela necessidade de sucesso ou pela necessidade de atenção, faz com que artifícios estratégicos sejam utilizados, deliberadamente, em todos os posts? Ou trata-se de mensurar e gerir se quem você e as coisas que você faz interessam a ponto de formar uma audiência?

No artigo de Vladimir Barash et al, os autores apontam empiricamente que, em redes como o Facebook, as pessoas tendem a ver os posts dos outros de forma positiva. Este resultado teria sido impulsionado pelo fato de as pessoas estarem analisando seus próprios amigos? O sentimento de pertencimento ao grupo não faria com que a  pessoa tendesse a apresentar os membros daquele grupo de maneira positiva?

Marwick e Boyd apontam que, no Twitter, os usuários que querem construir uma audiência devem balancear a autenticidade pessoal às expectativas da audiência. De que forma os portais noticiosos podem construir esta autenticidade na medida em que eles não passam de "pessoas jurídicas".? Caminharemos para um cenário em que os meios de comunicação serão representados nas redes sociais pelos seus jornalistas e não por perfis da empresa ou das editorias?

Na busca de informação sobre o outro como processo de interação nas redes sociais, mas que se dá pelo anonimato, constitui-se numa quetão que deve ser problematizada, uma vez que interação pressupõe aproximação entre os indivíduos que interegem e aproximação  pressupõe a existência de um conhecimento entre eles. Seria esse anonimato o gerenciamento da impressão que NÃO pretendo causar no outro através dessa auto-apresentação anônima? Ou ainda. seria a auto-apresentação anônima uma auto-apresentação, uma vez que o prefixo "auto" faz uma referência a si mesmo? 

Há de se problematizar ainda sobre o outro de quem buscamos informação para estabelecer uma intereção. Seria o outro um sujeito "informável" ou seria o outro "um outro" do outro (também constituído no anonimato gerenciado)?
Barash, em seu texto, se propõe também a identificar um determinado tipo de post mais propenso a receber comentários e "likes" nas redes sociais. Da maneira como foi construída não seria uma tentativa a esmo? Uma vez que as próprias redes de conexão entre usuários são articuladas conforme gosto pessoal, preferências e afinidades, observar o padrão de postagens que mais repercutem não seria um estágio posterior à observação do grupo em si?

O artigo de Marwick e boyd transita acerca da relação entre o gerenciamento de impressões e as redes sociais digitais, apontando desdobramentos como múltiplas audiências, audiência imaginada, autoapresentação enquanto processo colaborativo entre outros tópicos válidos de observação. Neste sentido, as autoras necessitam conceitar "página pessoal" (personal homepage) para subsidiar a discussão posterior no tocante às particularidades do meio observado. As autoras citam Papacharissi, descrevendo as páginas pessoais como "a carefully controlled performance through which self presentation is achieved under optimal conditions". O que configura as condições favoráveis para a autoapresentação e o consequente gerenciamento de impressão é inerente ao ator, ao interlocutor ou é algo in between?

Fichamento Autoapresentação e gerenciamento de impressões em redes sociais digitais 1/3

BARASH, Vladimir; DUCHENEAUT, Nicolas; ISAACS, Ellen; BELLOTTI, Victoria. Faceplant: Impression (Mis)management in Facebook Status Updates.

MARWICK, A.; BOYD, D. I tweet honestly, I tweet passionately: Twitter users, context collapse, and the imagined audience.

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ALICE E. MARWICK (twitter: @alicetiara) é pos doutoura pelo Departamento de Mídia, Cultura e Comunicação da Universidade de Nova York (2010) e pesquisadora na Microsoft Research New Englanda in Cambridge, MA.  Sua dissertação examinou como as pessoas usam as mídias sociais para aumentar o seu status, focando na divulgação de suas vidas, no processo de micro-celebridades e se apresentando como “marcas”. Alice se define no blog tiara.org como um entusiasta da internet de longa dada. No blog estão os seus pensamentos sobre softwares sociais, tecnologia, cultura pop e política, além de outros assuntos de seu interesse.

Veja uma entrevista com Alice Marwick durante a Conferência Livre de Cultura – 2008 (clique aqui!)

DANAH BOYD  (twitter: @zephoria) é pos doutoura pela School of Information (iSchool) na University of California-Berkeley), pesquisadora senior na Microsoft Research, professora assistente de Mídia, Cultura e Comunicação na New York University e pesquisadora visitante na Havard’s Berkman Centers. Suas pesquisas focam na observação de como os jovens usam as mídias sociais nas suas praticas diárias. Nos anos recentes Boyd estuda Twitter, blogging, sites de redes sociais e outras formas de mídias digitais.  A pesquisadora mantém o blog Zephoria.org, cuja proposta, numa livre tradução, é “fazer conexões onde previamente não existiam”.

Veja uma entrevista de Danah Boyd, veiculada pelo The Guardian, na qual ela fala sobre privacidade de jovens na internet (clique aqui!).

Objetivos: Este artigo investiga como os produtores de conteúdo navegam em “audiências imaginadas" no Twitter. As autoras conversaram com participantes que têm diferentes tipos de seguidores para compreender suas técnicas, incluindo a de focar em diferentes públicos, esconder assuntos, e manter a autenticidade.

Argumentação Central: As tecnologias das mídias sociais colapsam várias audiências em contextos individuais, o que torna difícil para as pessoas usar as mesmas técnicas on-line que elas fazem para lidar com a multiplicidade na conversa cara-a-cara. Algumas técnicas de gestão do público lembram as práticas de "micro-celebridade” e “marca pessoal”, ambas auto-promoção estratégica. Nosso modelo de audiência em rede assume uma comunicação de muitos para muitos através da qual indivíduos conceituam um público imaginado evocado através de seus tweets.

Tópico 1 –Imaginando a audiência on line
As tecnologias complicaram as metáforas de espaço, problematizando também a crença de que as audiências estavam separadas uma das outras.  Neste tópico é mencionado o trabalho inicial de Joshua Meyrowitiz, publicado em 1985 e intitulado No Sense of Place (Sem senso de lugar).
Na obra em questão, foi aplicada a teoria interacionista e teorizado que os meios eletrônicos (como rádio e TV), ao eliminar barreiras entre situações de separação social, haviam contribuído para as rápidas mudanças sócias do EUA nos anos 1960. Para as autoras de forma similar a Self-presentation theory (Teoria da Auto-Apresentação) tem sido utilizada para entender combinações de audiências através dos meios digitais.
O advento das “homepages” é exemplificado como um momento inicial das apresentações de identidade multimídia. Com base nos estudos de Papacharissi (2002), Sachau and Gilly (2003) e Robinson (2007), são descritas as características das homepages, como controle de self-presetation; a audiência indefinida; e a generalização, o que torna as homes mais isoladas do que os blogs que presumem contínua comunicação com a audiência. O caso dos “dating sites” (paginas de encontros) também é citado. As autoras consideram que neste tipo de mídia, as pessoas estão altamente conscientes da audiência. Citando Ellison et al (2006) elas lembram que os anúncios pessoais, nos “dating sites”, são construídos com alta dose de self-consciousness porque as pessoas sabem que serão examinadas por seus pretendentes.
Para Marwick e Boyd há algo de semelhante entre as redes sociais e os “dating sites”, quando os usuários marcam suas preferências, baseado na audiência imaginada de seus amigos e pares. Nesta vertente é mencionado o study of “taste cultures” (Estudo de gostos culturais) em sites de redes sociais, de Liu (2007), quando a autora diz que alguns participantes das redes listam suas preferências de filmes, músicas, programas de TV, etc, para transmitir prestigio, singularidade ou preferência estética.

Tópico 2 – Twitter
A parte inicial deste tópico apresenta o Twiiter ao leitor. São mencionados o perfil e as características desta rede social. A escrita até 140 caracteres; a pergunta inicial “What are you doing?” (O que você está fazendo?); a time-line; a possibilidade de postar fotos; etc. Depois é um brevíssimo relato de como a rede surgiu e cresceu. O serviço foi lançado em 2006, mas teve crescimento exponencial entre 2008-2009. Em maio de 2009, o Twitter tinha 18,2 milhões de usuários, um crescimento de 1.448% desde maio de 2008. As celebridades e pessoas públicas são as que possuem os maiores números de seguidores, como exemplo é citado o caso do presidente Barack Obama, do ator Ashton Kutcher e da cantora Britney Spears.

2.1 –Twiiter e audiência
Neste tópico é mencionada a desconexão entre seguidores e seguidos no Twitter, ou seja, não existe obrigação técnica de reciprocidade.  Alguns usuários são seguidos por centenas de milhares e seguem poucas dezenas. Vale ainda pontuar que o número de seguidores é uma audiência potencial. Não há garantias e nem pode-se esperar que todas as mensagens emitidas sejam lidas por todos os seguidores.
Uma forma de crescimento de números de seguidores no Twitter é através da retransmissão de mensagens (retwitting). Isto porque o ato pode introduzir os usuários a uma nova audiência. Vale salientar, no entanto, que as mensagens “retwittadas” podem ser alteradas, criando a possibilidade de perda de referência com a original.  Conforme lembram as autoras, é virtualmente impossível para os usuários saber quem é a sua audiência. Desta forma, sem conhecimento especifico dela os usuários a imaginam. 

Tópico 3 - Como usuários do Twitter imaginam audiências

3 .1 – Metodologia
Neste subtópico, Marwick e Boyd apresentam a metodologia da pesquisa para a produçaõ do artigo. Elas explicam que as questões da pesquisa foram feitas diretamente aos usuários do Twitter. Elas enviaram questões para os seus seguidores e para alguns usuários que estavam na timeline pública. Na pesquisa foram envolvidas 300 “most-followed accounts (249 total)” e usuários com 1.000-15.000 seguidores.
Primeiramente foram feitas duas perguntas:

·         “Quem você imagina lendo os seus twitts?”
·         “Você twitta para quem?”

Depois foi questionado:

·         O que faz um indivíduo ser autêntico no Twitter?
·         Sobre o que você não Twittaria?
·         Quais assuntos são inapropriados para o Twitter?

Após a publicação das perguntas, as pesquisadoras não tinham como avaliar quantas pessoas viram seus tweets. Elas anotaram que receberam 226 respostas de 181 usuários, através de Directy Messages – DM (Mensagens Diretas) ou de @replies. As respostas recebidas revelaram diferentes perspectivas de audiência.

3.2 – Pra quem eu estou falando?
Os informantes da pesquisa conceituaram sua audiência no Twitter de diversas e variadas maneiras. A maioria das repostas focaram em categorias abstratas de pessoas, como “amigos”. Alguns focaram em si próprios. 

·         I think I write to the people I follow and have twittered something recently. And I also tweet to myself. Is that wrong?

(Eu acho que eu escrvo para as pessoas que eu sigo e tenho twittado recentemente. E twitto pra mim também. Isso errado?)

·         I guess I’m tweeting to my friends, fans... and talking to myself.

(Eu acho que estou twittando para meus amigos, fãs... e falando comigo mesmo)

Diante das respostas, transcritas acima, aborda-se algumas questões. São mencionadas a dificuldade de singularizar a palavra “amigo” nas redes sociais e o costume das pessoas em imaginar o Twitter como uma rede social, onde eles podem comunicar com amigos pré-existente.
As pesquisadoras também observaram tipos diferentes de posicionamentos para quem os informantes que se referiram a si próprios como audiência. Para elas, alguns pensam no Twitter como um diário, onde eles podem gravar as suas vidas. Já outros, observam na rede social um serviço onde eles podem expressar opiniões sobre si próprios. O artigo observa, entretanto, que tais pessoas não estão twittando pra o nada. Eles têm seguidores e seguem outros, mas, a ênfase em si própria implica que estas pessoas não estão preocupadas com a reação das outras. De modo similar, alguns poucos viram a elaboração de tweets para uma audiência particular como problemática.

· when I tweet, I tweet honestly, I tweet passionately. Pure expression of my heart.

(quando eu twitto, eu twitto honestamente, eu twitto apaixonadamente. Pura expressão do meu coração)

             A partir deste ponto o texto discute acerca da questão da autenticidade. Neste ponto quando o usuário fala conscientemente para uma audiência é visto como “inautêntico”.  As autoras citam Grazian (2003) para lembrar que autenticidade também é uma construção social.
Outros que responderam as questões sugeriram que as concepções de audiência dependem do Twitter. Para as autoras, quem observa dessa forma imagina o Twitter como um meio, igual ao telefone ou e-mail, o qual pode ser usado para diferentes propósitos. No entanto, elas estabelecem diferenças chamando atenção para o fato de que um típico e-mail (assim como o telefone - grifo nosso) é uma comunicação com uma audiência articulada, com uso particular e o Twitter é preliminarmente público.

3.2 - Audiências estratégicas
Marwick e Boyd iniciam este subtopico lembrando que, em contraste com noções gerais de audiências imaginadas, os usuários do Twitter possuem número de seguidores específicos. Alguns são seguidos por amigos, familiares e colegas de trabalho, já outros chegam a ter 100.000 seguidores. Esta quantidade sugere uma base de fãs ou comunidade que eles podem gerenciar.
O artigo destaca as estratégias de micro-celebridades, descritas por Senft (2008) como uma técnica de comunicação que envolve as pessoas e amplia sua popularidade na web através de vídeos, blogs e redes sociais. As autoras então pontuam que “micro-celebridade” implica que todos os indivíduos tem uma audiência que eles podem estrategicamente mantê-la através de comunicação contínua e interação, utilizadas até mesmo por as celebridades tradicionais e pessoas públicas.

·  TychoBrahe: Honestly, I have no idea who reads them. Hopefully a very small group of very forgiving people!   

(Honestamente, eu não tenho ideia de quem os ler. Espero um grupo muito pequeno de pessoas muito perdoativas)  

Há também o caso daqueles que reconhecem a sua atual audiência, mas não as veem como uma audiência intencional.  Nesta situação é citado o exemplo de Jason Goldman um empregado do Twitter que diz não pensar em audiência, mas às vezes pensa em sua namorada, colegas de trabalho e na sua mãe. Para ele, se pensasse em audiência antes de twitar seu tweets não se mostrariam verdadeiros. 
As autoras concluem este subtópico lembrando que a variedade de audiências imaginárias deriva das diversas maneiras em que o Twitter é utilizado. Seja como meio de transmissão, diário, canal de marketing, plataforma social ou fonte de notícias. Trata-se de uma audiência de concepção abstrata e variada entre os usuários do Twitter em parte porque é muito difícil verificar quem está ali.

Tópico 4 – Navegando em Audiências Múltiplas:

Como muitos sites de redes sociais, o Twitter nivela várias audiências em uma - um fenômeno conhecido como "colapso de contexto". A exigência de apresentação de uma identidade singular verificável torna impossível diferir estratégias de auto-apresentação, criando tensão à medida que diversos grupos de pessoas migram para sites de redes sociais (Boyd, 2008). As configurações de privacidade por si sós não resolvem isso, mesmo com contas privadas que apenas certas pessoas podem ler, os participantes têm que lidar com grupos de pessoas que normalmente não reúnem, como conhecidos, amigos, colegas de trabalho e familiares. Para navegar por essas tensões, os usuários do site de redes sociais adotam uma variedade de táticas, como o uso de várias contas, pseudônimos e apelidos, e criam os ‘fakesters’ para encobrir suas identidades reais (Marwick, 2005). As grandes audiências para sites como o Facebook ou MySpace podem criar um efeito de menor denominador comum, como indivíduos só postarem coisas que eles acham que o

mais amplo grupo de conhecidos verá como não-ofensivas. Da mesma forma, os usuários do twitter gerenciam estrategicamente audiências múltiplas e sobrepostas, escondendo informações, dirigindo os tweets para diferentes públicos e tentando retratar tanto um self autêntico quanto uma personalidade interessante.


4.1 – A Necessidade de Navegar - As autoras questionam por que os usuários precisam navegar em multiplicidade e recorrem a Erving Goffman (1959) em seu trabalho seminal “A apresentação do self na vida cotidiana” para buscar uma resposta. Goffman conceituou a identidade como uma performance contínua, que em alguns momentos lança mão de algumas estratégias de palco e em outros aciona dinâmicas de bastidores. Nesta perspectiva, seríamos todos atores, adaptando nossa auto-apresentação com base no contexto e na plateia. É como se as estratégias de palco estivessem associadas ao self público e as de bastidores, ao self privado, pois – de acordo com as autoras – é nos bastidores que as conversas mais sinceras acontecem.
 O trabalho de Goffman é freqüentemente classificado como interacionismo simbólico, uma perspectiva sociológica que sustenta que o significado é construído através da interação, linguagem e interpretação (Blumer, 1962; Strauss, 1993). O Interacionismo Simbólico afirma que a identidade e o self são constituídos através de interações constantes com os outros -principalmente conversas. Em outras palavras, a auto-apresentação é colaborativa. Indivíduos trabalham juntos para defender  auto-imagens preferenciais de si mesmos e seus parceiros de conversação, através de estratégias como a manutenção (ou 'salvamento') da imagem (face),  incentivando coletivamente as normas sociais, ou negociando os diferenciais de poder e divergências.
No cenário de hoje saturado de mídia, políticos e celebridades usam 'polissemia' ou comunicação codificada, apelando simultaneamente para diferentes públicos, mesmo de oposição (Albertson, 2006; Fiske, 1989). A imagem inicial de Madonna exemplifica a polissemia. Ela foi interpretada de forma diferente por mulheres jovens, que responderam as mensagens feministas dela; e homens jovens, que responderam a sua persona sexy (Fiske, 1989). Da mesma forma, George W. Bush espalhou referências codificadas de hinos, versículos bíblicos e cultura evangélica em seus discursos para apelar à sua base sem alienar os outros (Albertson, 2006).

4.2 – Equilibrando as Expectativas da Audiência – Para as pesquisadoras, o público imaginado afeta a forma como as pessoas twittam. Pessoas com poucos seguidores, que utilizam o site por outros motivos que não a auto-promoção, em geral, vêem o Twitter como um espaço pessoal onde spam, publicidade e marketing são bem-vindos. Seguindo o paradigma do Interacionismo Simbólico, a identidade no Twitter é construída através de conversas com os outros. Os tweets são formulados parcialmente  com base em um contexto social construído a partir dos tweets de pessoas que se segue. Os participantes devem manter o equilíbrio entre uma norma social contextual de autenticidade pessoal que incentiva a partilha de informação e a comunicação fática (a tão citada ‘o que eu tomei no café da manhã’, por exemplo) com a necessidade de manter as informações privadas, ou pelo menos escondidas de certos públicos. A tensão entre revelar e esconder geralmente erra no lado de esconder no Twitter, mas até mesmo usuários que não postam nada escandaloso devem formular tweets e escolher os temas de discussão com base em julgamento público imaginário. Essa consciência implica no desempenho de uma identidade de palco em curso que equilibra o desejo de manter impressões positivas com a necessidade de parecer verdadeiro ou autêntico com os outros.


4.3 – Auto-censura – De acordo com Marwick e Boyd, as preocupações com o trabalho influenciaram tanto o que as pessoas twittaram  quanto o que elas auto-censuraram. Por exemplo, uma freelancer disse: "Eu sempre mantenho meus clientes em mente. Quero transmitir inteligência e profissionalismo e diversidade - Eu quero ser vista como interessada em um monte de coisas." Ela poderia apresentar-se contra o contexto social de um público imaginado de outros profissionais. Participantes do twitter mantêm uma persona pública para gerenciar as impressões com potenciais leitores. O ‘colapso de contexto’ cria um público que muitas vezes é imaginado como seus membros mais sensíveis: pais, parceiros e chefes. Este “leitor pesadelo” é o oposto do “leitor ideal” e pode limitar o discurso pessoal no Twitter, uma vez que a filosofia de compartilhamento do menor denominador comum  limita os usuários aos tópicos que são seguros para todos os leitores possíveis. Enquanto as pessoas falam sobre temas polêmicos no Twitter, os entrevistados para este estudo mostraram que alguns são

mais propensos a evitar temas pessoais que implicam uma verdadeira intimidade e conexão entre os seguidores. Em vez disso, eles podem moldar o Twitter como um lugar onde as normas mais rígidas são aplicáveis.



4.4 – Equlíbrio – As autoras mostram, através dos depoimentos com participantes do Twitter, que alcançar o equilíbrio nas redes sociais é complicado. Para tentar manter a atenção dos seguidores, alguns dos participantes utilizam técnicas da comunicação polissêmica e codificada para gerenciamento de imagem de especialistas. Micro-celebridade,  uma prática   aprendida e apoiada pela infra-estrutura das mídias sociais, pode criar tensão. O modelo de amizade dirigida do Twitter substitui 'amigos' por seguidores e exibe o número de seguidores na página do Twitter de cada pessoa, criando um status social de métrica quantificável. Práticas de Micro-celebridades como interagir diretamente com os seguidores, apelando para vários públicos, criando uma afável marca e partilha de informação pessoal são recompensadas ​​e, conseqüentemente, encorajadas, na Cultura do Twitter. A capacidade de atrair e direcionar atenção torna-se um símbolo de status.

Ao mesmo tempo, a prática de micro-celebridade  pode ser vista como não autêntica. 


Tópico 5 – Da Difusão à Rede:
O Twitter é um exemplo de tecnologia com um público em rede. Audiências da mídia são sempre imaginárias, se existirem na mente do escritor ou como os alvos demográficos de uma sitcom. Mas, enquanto Fiske (1989) argumenta que o público da difusão é uma ficção para servir as necessidades das instituições de mídia, a audiência do escritor  serve ao escritor. Estes dois modelos de público ajudam a contextualizar a audiência em rede e seu impacto sobre o comportamento social online.  A mídia em rede traz as mudanças que Meyrowitz (1985) descreveu para as interações interpessoais. Em sites como Twitter e Facebook, os contextos sociais que se costumava imaginar como separados co-existem como as partes da rede. As pessoas aprendem como gerenciar as tensões entre o ‘público’ e o ‘privado’, o ‘de casa’ e o ‘estrangeiro’, e as performances ‘no palco’ e ‘nos bastidores’. Eles aprendem práticas de micro-celebridade que podem ser usadas para manter o interesse público. Mas, o Twitter faz com que alguns conflitos inerentes fiquem visíveis. Por um lado, o Twitter é visto como um espaço autêntico de interação pessoal. Por outro, as preocupações com normas sociais contra o "oversharing” e com a privacidade significam que informações consideradas muito pessoais podem ser retiradas das interações potenciais. Da mesma forma, o desejo de ter 'fãs' ou uma "marca pessoal" conflita com o desejo de pura auto-expressão e íntimas ligações com os outros. Desta forma, fica claro que ao combinar interações públicas e interpessoais, o público em rede cria novas oportunidades de conexão, mas também, novas tensões e conflitos.


Fichamento - Autoapresentação e gerenciamento de impressões em redes sociais digitais 1/3


BARASH, Vladimir; DUCHENEAUT, Nicolas; ISAACS, Ellen; BELLOTTI, Victoria. Faceplant: Impression (Mis)management in Facebook Status Updates. Proceedings of the Fourth International AAAI Conference on Weblogs and Social Media, 2010.

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Por Andréa Souza, Leila Nogueira e Roberto Martins


VLADIMIR BARASCH é doutor em Ciências da Informação pela Cornell University. Seu interesse de pesquisa aborda mídias sociais e gerenciamento de impressão.

NICOLAS DUCHENEAUT é membro do laboratório de pesquisa em Ciências da Computação da Universidade de Palo Alto e doutor pela Universidade da Califórnia, Berkeley. Sua pesquisa tem como foco a análise das interações sociais em ambientes online, assim como o desenvolvimento de ferramentas de análise específicas para este tipo de interação.

ELLEN ISAACS é pesquisadora da Universidade de Palo Alto e doutora em Psicologia Cognitiva pela Universidade de Stanford.

VICTORIA BELLOTTI é doutora em Interação Homem-Computador e pesquisadora da Universidade de Palo Alto, sendo conhecida por suas pesquisas sobre gerenciamento de informações pessoais através do uso da tecnologia.


Objetivos do paper: Apresentar os dados da pesquisa dos autores a partir de um aplicativo, desenvolvido pelos mesmos, cujo objetivo é a análise das impressões emitidas (given) e transmitidas (given off), de forma mais fluída, tendo como base as atualizações do status no perfil pelos usuários do Facebook.

Argumentação Central: De acordo com os autores, os usuários do Facebook, em geral, são bem sucedidos no tocante ao apresentar uma imagem positiva de si mesmos (impressões emitidas – given). No entanto, estes mesmos usuários do site de redes sociais (SRSs) em questão têm consciência parcial de como eles estão sendo vistos pelos outros (impressões transmitidas – given off), além de superestimarem a força da impressão que promovem.
Através das teorias de Goffman sobre gerenciamento de impressões, enquadramentos e performances, os autores do paper afirmam que em outros SRSs (os citados foram Twitter e Facebook), os usuários possuem consciência do processo de gerenciamento de impressões a partir das informações emitidas (given). Entretanto, ressalta-se que Goffman interessava-se pelos momentos em que os indivíduos se “desligavam” desse estado de consciência e cometiam pequenos “deslizes”, a partir de informações transmitidas (given off). Os autores discutem que, no Facebook, esses momentos são comuns e se propõem a estudá-los através das micro-atualizações dos perfis do referido site.

Tópico 1 – Measuring Micro Impression Management (medindo a gestão da impressão pelo micro). Os autores do paper afirmam que o trabalho de Goffman, ao mesmo tempo em que fornece uma metáfora bem estabelecida (palco e plateia), para compreender o gerenciamento de impressões, o mesmo permanece vago sobre as dimensões que constituem uma impressão em prática. É apresentado o conceito de face para Goffman (1963): “o valor social e positivo que uma pessoa efetivamente reivindica para si mesmo e que os outros supõem que foi tomada durante um contato específico. [...] É uma imagem de si, delineada em termos de atributos sociais aprovados”. Mas, os autores salientam que Goffman não forneceu uma lista de táticas com as quais as pessoas usariam durante a face-work, nem tão pouco o referido autor forneceu também uma taxonomia de formação de impressões. Neste sentido, o trabalho cita outros autores - Jones e Pittman (1982), McClelland (1988) e Leary (1995) - que tentaram preencher essa lacuna deixada por Goffman, explicitando táticas usadas durante o processo da gestão da impressão.
Barash, Ducheneaut, Isaacs e Bellotii tentaram adotar uma das taxonomias apresentadas pelos pesquisadores também citados no trabalho para caracterizar face-work no Facebook, mas concluíram que a maioria delas não se aplicava a maior parte das atualizações feitas pelos usuários no site de rede social pesquisado. Os autores destacam que a não aplicabilidade de tais taxonomias é fruto do que Goffman chamou de “contextualidade de gerenciamento de impressões”.
Ainda servindo-se da definição de Goffman sobre face-work, os autores desenvolveram um estudo piloto com mais de 20 usuários do Facebook e construíram uma lista de categorias as quais caracterizavam as principais dimensões coletadas. Estas dimensões são binárias para capturar a noção de “valor social positivo” contra o valor negativo correspondente.

As dimensões:

1) Legal / Não legal;
2) Divertido / Chato;
3) Motivante / Deprimente;
4) Auto-depreciativo / Auto-importante;
5) Compreensivo / Crítico

Os autores destacam que a partir destas dimensões não capturam, plenamente, a diversidade do face-work no SRSs estudado, mas, as mesmas capturam as impressões que usuários pesquisados acreditam serem ‘dadas’ e ‘subentendidas’, na maioria das atualizações de status. Em seguida, os pesquisadores usaram as dimensões para avaliar o alinhamento entre as impressões que as pessoas pretendem emitir com as impressões que os outros formam delas.

Tópico 2 – Methods (métodos). O aplicativo avalie seu feed de notícias apresenta aos usuários pesquisados uma lista de posts do seu feed de notícias, incluindo a sua própria mensagem e as de seus amigos. Cada post apresentava uma imagem do usuário publicador, o seu nome e o texto postado. Nenhuma ‘curtição’ ou comentário foram exibidos com a publicação, para não influenciar as percepções das pessoas. Abaixo de cada post foi colocado um conjunto de cinco barras deslizantes, um para cada uma das cinco dimensões da gestão da impressão, além de uma caixa de texto pedindo um adjetivo para descrever a forma como a pessoa ‘reagiu’ à publicação.

Tópico 3 – Results (resultados). Foram coletados dados de 100 participantes ao longo de 21 dias, resultando em 674 atualizações avaliadas. Destas, 575 foram atualizações de status de outras pessoas e 99 foram das próprias publicações dos participantes. Somente 30 publicações foram coletadas nas quais se verificaram avaliações tanto do próprio participante quanto por pelo menos por um amigo.

Tópico 4 – Relevance of Dimensions (relevância das dimensões). O resultado indica que as dimensões propostas pelos autores capturam as impressões da maioria dos tipos de atualizações de status do Facebook. Isto forneceu uma primeira indicação ao quarteto: de que pode haver um intervalo entre as impressões que pessoas acreditam estar emitindo e as impressões que elas formam dos outros.

Os resultados obtidos:

I – Ao avaliarem as publicações dos amigos:

a) Divertido / Chato – 47% das publicações;
b) Legal / Não Legal – 38%;
c) Compreensiva / Crítica – 35%;
d) Motivante / Deprimente – 34%;
e) Auto-importante / Auto-depreciativo – 28%. 

II – Ao se auto-avaliarem:

a) Legal / Não Legal – 35%;

b) As demais dimensões (Divertido / Chato, Compreensiva / Crítica, Motivante / Deprimente, Auto-importante / Auto-depreciativo) – variando entre 24% a 28%.

Com base nestes dados, os autores consideraram que uma vez que as dimensões mais relevantes foram Divertido / Chato e Legal / Não Legal poderiam capturar um pouco de “valor social positivo que uma pessoa efetivamente reclama para si mesmo” (Goffman, 1963), no contexto do Facebook. Ou seja, ver um monte de atualizações ‘legais’ e ‘interessantes’ moldariam a percepção de um usuário sobre o que constitui face-work ‘bem sucedido’ nos sites de redes sociais, a exemplo do Facebook.

Tópico 5 – Alignment of Impressions Given vs. Given Off (alinhamento de impressões emitidas versus transmitidas).
No paper, os autores afirmam que “the crux of our interest is the degree to which the impressions people thik they are giving are aligned with the impressions others form of them” (o ponto crucial de nosso interesse é o grau em que as impressões que as pessoas acham que estão dando estão alinhadas com as impressões que os outros formam sobre elas). Para explorar tal questão, os autores compararam como as pessoas se avaliavam com relação à forma como os outros as avaliavam, tendo como base cada uma das cinco dimensões propostas.
No geral, as pessoas foram bem sucedidas em projetar uma imagem positiva delas mesmas, exceto por uma tendência a se expressar como ‘auto-importante’. Já os dados de auto-avaliação sugerem que, enquanto as pessoas acreditam que estavam se retratando como ‘compreensivas’, elas não estavam tão cientes das impressões que estavam criando ao longo das outras dimensões.
Em seguida, os autores verificaram se as pessoas tinham noção do grau em que elas estavam emitindo essas impressões. Ao se avaliar e ao avaliar o outro, foi analisado a proporção de avaliações negativas para positiva ao longo de cada dimensão. Embora as pessoas soubessem que estavam se expressando como mais ‘auto-importante’ do que ‘auto-depreciativa’, elas subestimaram o grau em que isto se dava. Do mesmo modo, embora as pessoas acreditassem estar se saindo como ‘compreensivas’, elas superestimaram o grau em que isto acontecia.
Segundo os autores, não houve diferenças significativas entre si e outras classificações sobre as dimensões restantes.


Tópico 6 – Face-work that Provokes a Response (Face-work que provoca uma resposta).
Outro interesse dos autores foi ver quais tipos de publicações tinham a maior probabilidade de provocar uma resposta através dos comentários de texto e avaliações ‘curtir’.
As publicações que foram vistas como ‘divertidas’ e ‘deprimentes’ provocaram mais comentários do que as ‘chatas’ e ‘motivantes’. No entanto, os autores não encontram um padrão nos tipos de publicações que conquistaram votos ‘curtir’.
A experiência subjetiva do Facebook, na visão dos autores, sugere que estes resultados podem refletir dois padrões comuns de comentários: a) o fático (Schneider, 1998), muitas vezes visto depois de uma mensagem divertida (‘há, há, há’, ‘hilariante’, ‘rs’, ‘kkk’); b) ou ofertas de simpatia como ‘coitado de você’ ou ‘ isso é terrível’, oferecidas depois de um participante anunciar más notícias.
Os autores destacam ainda que os ‘risos’ gerados por atualizações de entretenimento ilustram como ser engraçado é um dos ‘atributos sociais aprovados’ (Goffman, 1963) que participantes querem reforçar através de feedback positivo explícito no contexto do Facebook.

Tópico 7 – Conclusão.
Os autores concluem o paper declarando que esta análise inicial esclarece algumas questões sobre o ‘jogo de gerenciamento de impressões’ reproduzido através das atualizações de status do Facebook.
A prevalência das dimensões ‘legal’ e ‘divertida’ sugere que estas dimensões são altamente relevantes para o sucesso da face-work em sites de redes sociais, uma vez que as publicações, assim caracterizadas, atraem mais comentários do que as demais.
Enquanto os usuários se esforçam (e muitas vezes conseguem) projetar uma imagem positiva ao longo destas dimensões, eles subestimam o quanto certas atualizações os tornam ‘auto-importantes’. Esta descoberta alinha-se com uma percepção comum de que as atualizações podem ir ‘longe demais’ e projetar uma imagem de auto-engrandecimento que se choca com o tom leve da maioria dos SRSs.
Para finalizar, os autores afirmam que “em um mundo de contato permanente (Joinson, 2008), onde as pessoas formam impressões rápidas e duradouras dos outros (Gosling et al., 2007; Stecher & Counts, 2008) nossos dados mostram que os usuários, agora mais do que nunca, precisam caminhar numa linha tênue entre as impressões que eles ‘dão’ (given) e, inadvertidamente, ‘emitem’ (given off) (Goffman, 1959”.

domingo, 15 de abril de 2012

Questões enviadas pelos alunos relacionadas aos textos

DONATH, J; BOYD, D. Public displays of connection. BT Technology Journal, 22 (4), 2004, (p. 71-82).


GEORGALOU, Mariza. "Pathfinding" Discourse of Self in Social Networks Sites. In TAIWO, Rotimi. Handbook of Research on Discourse Behavior and Digital Communication - Language Structures and Social Interaction. IGI Global, New York, 2010. (p. 39 - 62)

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- Quando Mariza Georgalou traz a perspectiva dos desenvolvedores web, considerando que eles não apenas constroem um mundo virtual, mas são responsáveis pelos "selves" que o habitam (p. 45), não poderíamos pensar que os softwares também são em boa medida moldados e apropriados a partir de sentidos diferentes por grupos sociais diferentes através de suas práticas? Uma ferramenta web concebida para suprir uma determinada necessidade do usuário não poderia afinal ser usada com outro objetivo? É possível escapar à ideia de Software Cultural (Manovich, 2011), uma vez que ele carrega "átomos" da cultura em que está inserido?

- Donath e Boyd suscitam a ideia de que redes grandes e heterogêneas trazem como benefício o acesso a uma maior gama de informações e oportunidades, no entanto demandam custos para sustentá-las. Podemos então inferir que os sites de redes sociais ainda não alcançaram sua capacidade máxima, uma vez que eles potencializam, mas não criam, de fato, redes desconectadas do mundo "concreto" do usuário? Ao afirmarem que "as redes são a extensão de nosso mundo social, mas elas também agem como seu limite" (p.81), esse limite seria da própria rede ou do usuário? Será que as redes precisam realmente ter limites?

- Em suas conclusões, Mariza Georgalou afirma que a maioria dos respondentes da pesquisa veem a manutenção dos seus perfis como parte do cotidiano, sendo como um universo paralelo onde eles estão incessantemente em órbita. Tal assertiva edidenciaria a contradição de um momento em que o mundo virtual comça  aser naturalizado? Ou seja, se de um lado eles veem a manutenção dos perfil como algo que faz parte do dia a dia (como os nativos), ele ainda veem a Internet como um inverso a parte (como os imigrantes)?

- Em "Public displays of Conection", as autoras questionam a cultura do crescimento dos networkings como marca das redes sociais na Internet, visto ser impossível gerenciar tantos contatos. A tendência é evoluirmos para  formação de redes em camadas, em que sejam priorizados os "nós" da nossa redecom os quais temos mais pontos de contato?

- Separação entre vida online e vida offline; apresentação de si a partir de uma construção positiva de si mesmo; anonimato; voyeurismo etc. Independente de estarmos ou não no ambiente virtual, os indivíduos, em geral, não se preocupam em ressaltar os aspectos que consideram positivos acerca de si em seus relacionamentos? As matérias sobre como se comportar em entrevista de emprego; o uso adequado da vestimenta sem determinado ambiente organizacional; a escolha do uso da ‘melhor’ linguagem para determinados textos etc não seriam indicativos que, independente do ambiente, estamos sempre ‘nos ajustando’? Por que pensar que no ambiente virtual a situação deveria ser ou é diferente? Ou mesmo, porque considerar que no ambiente virtual este cuidado é algo fake, produzido, não real?

- Considerando que a maior parte das interações relacionais mediadas pela internet se dá através da escrita, a consciência da presença do ‘outro’ não é algo relativo? O outro pode não ser aquele que diz que é, ou seja, o ‘outro’ pode, na realidade, ser outra pessoa (aqui incluindo a questão do gênero, da idade etc). Com isto, os estereótipos e as imagens idealizadas entram na questão?

- As autoras, Donath e Boyd, estão - no fundo - tentando problematizar o quanto nossas relações com os outros definem quem nós somos? E, ao trazerem a discussão para os perfis dos sites das redes sociais digitais (SNS), buscam compreender o que está 'em jogo' quando publicamente nos vinculamos a alguém?

- Partindo do que o segundo texto destaca como "modelo sociológico das reivindicações implícitas e explícitas de identidade nos SNS", que permite observar a construção do self em termos não apenas narrativos, mas também enumerativos e pictóricos, é possível pensar a identidade pessoal como definidora do valor social do indivíduo nas redes sociais digitais?

- No trabalho de Donath e Boyd, as autoras citam com frequência a relevância do que elas chamam de "bridges" nas redes sociais. Estes "usuários-ponte" atuam como "hubs", conectando pessoas distantes socialmente cujo a interação é julgada como adequada ou pertinente. A partir daí, estas pessoas criam laços ("ties") de acordo com as similaridades, interesses etc. Estas relações, segundo elas, se diferenciam em duas vertentes: os laços fortes e os laços fracos. Quais são os traços definidores destes laços e quais os custos envolvidos na manutenção de tais contatos?

- Ambos os textos tratam do self enquanto uma construção multifacetada, dotada de inúmeras janelas, que fornecem ao observador distintos pontos de vista. Considerando esta premissa, como pensar o gerenciamento de impressões no indivíduo que possui diversos perfis em redes com finalidades específicas? O self contemporâneo é um somatório de fragmentos de si em bits?

- Logo no início do paper, as autoras (DONATH, BOYD, 2004) afirmam que "o uso da internet cresceu muito e que hoje, é muito mais fácil que seus amigos e pessoas que você desejaria ser amigo estejam presentes no ciberespaço". Nesse sentido, questionamos: em 2004, ainda cabia a distinção entre mundo online e mundo offline, como sugerem as autoras? E quanto ao termo ciberespaço? Ele não se mostrou pouco capaz de explicar o então momento, fortemente marcado pelo boom dos sites de redes sociais?

- As autoras afirmam que "since one's connections are linked to one's profile, which they have presumably viewed and implicitly verified, it should ensure honest self-presentation." A partir das leituras prévias acerca de self-presentation, questionamos: é possível pensarmos em alguma forma "honesta" de self-presentation? Como seria, então, uma self- prsenation "desonesta"?

- Segundo o texto Donath & Boyd, a confiabilidade das informações expostas dependem de para que elas serão usadas; isso não evocaria uma fragmentação, fragilidade ou ao menos incerteza e instabilidade nas informações que agenciam a suposta identitdade do self exposto na rede? Seria então uma redução para uma vivência de simulacro espetacular na relação vincular dos laços sociais na rede?

- Se no texto de Donath & Boyd, ele afirma que nos sites parace haver a máxima ‘Não importa o que você é, mas o que você aparenta ser’ como vetor imputado nas auto-apresentações das redes sociais; isso parece contrapor a possibilidade de ocorrência de traços identidades consolidados como parece indicar na pesquisa em Georgalou?

As novas redes de contato permitem novos encontros e revisitações de relacionamentos passados, como amigos de infância que não se encontram há décadas. Nestas décadas, todos mudaram. Em especial na última, justamente pelo aceleramento das possibilidades humanas de conhecimento, de deslocamento, de novos laços que fomentaram um ser distinto daquele. Até que ponto este reencontrar com amizades antigas de uma pessoa que já fomos e atualmente pouco se reflete em nós é benéfico, e não apenas mais uma auto-cobrança de mantermos muitos laços, sendo isto cada vez mais visto socialmente como competência social?

- As redes sociais impuseram uma auto-reflexão sobre a necessidade do ser manter uma lógica comportamental, em função de estar sendo analisado por muitos e recebendo tal feedback, aumentando a cobrança, em geral, da pessoa consigo mesma, sobre a coerência do que se é, em um tempo em que nos fragmentamos e alteramos constantemente nossas trajetórias de vida tantas vezes, nos distanciando de pontos iniciais? Estes novos encontros com velhos conhecidos são benéficos, ou encontros virtuais fragilizados pelo tempo, são decepcionantes para ambas as partes que se decepcionam consigo mesmas pela (in)capacidade de ter mantido uma trajetória de vida “linear”?

Autoapresentação e gerenciamento de impressões

DONATH, J; BOYD, D. Public displays of connection. BT Technology Journal, 22 (4), 2004, (p. 71-82).



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Por Gilberto Coelho e André Neves

Sobre as autoras:
JUDITH DONATH é presidente do Media Lab’s Sociable Media Group, onde são explorados os lados sociais da informática, a construção de interfaces inovadoras para as comunidades online, identidades virtuais mediadas por computador e  ascolaborações que surgiram com a convergência da computação e comunicação. Ela recebeu o mestrado e doutorado em media arts e sciencs pelo Mit. Ela já atuou como designer e construtora de softwares educacionais e meios experimentais.

DANAH BOYD é uma estudante do Pós Doutorado em Gestão da Informação na Universidade de Berkeley. Seu objeto de estudo é o Friendster e blogs para entender como as pessoas negociam sua auto-apresentação para um público desconhecido.
Danah Boyd já estudou Ciências da Computação na Universidade de Brown e Mídias Sociais no MIT Media Lab.

Objetivos do capítulo: O objetivo do capítulo é abordar o real motivo pelo qual as pessoas se propõem a criar perfis em sites de relacionamento tornando pública a sua imagem. Através desta, é possível constituir uma série de conexões que vão de contatos profissionais a relações sentimentais. Debate-se ainda a percepção que as pessoas possuem acerca da identidade do outro na esfera público-digital e quais as implicações e diferenças nas relações construídas através dos meios tradicionais.

Argumentação Central: Os sites de redes sociais tem como principal objetivo conectar pessoas e estabelecer relações com base nos interesses de cada um. Parte-se do princípio de que existe uma necessidade humana de cada vez mais expandir suas conexões, e que os sites de redes sociais se encaixam perfeitamente nesse cenário devido a sua facilidade de construir tal relações. Diante desse novo fator, é possível observar uma nova maneira de se relacionar com o próximo, uma vez que existem novas plataformas para se comunicar e interagir.
É importante lembrar que cada site de rede social possui uma maneira específica para a construção e criação de um perfil, o que torna cada plataforma única e com objetivos e funções diferenciados.

Tópico 1 – O que as demonstrações públicas dizem: Existem diversas maneiras para se expressar suas conexões no mundo real. Elas podem ser expressas a partir de status social, gostos musicais, ideologias, ramo de atividades, hobbys e etc. Tais ações quando expostas podem dar indícios da personalidade da pessoa, uma vez que servem para que o indivíduo se posicione na sociedade. A própria autora diz que essas manifestações têm diversas finalidades, como por exemplo, citar o nome de alguma personalidade para impressionar o ouvinte e passar a impressão de que o orador é também alguém importante.
Esses elementos são de extrema importância para que sejam selecionados com quais pessoas queremos e desejamos nos relacionar. Para isso, é possível analisar as conexões sob a ótica da “Singnalling Theory”. Nessa teoria, é feita uma relação direta entre sinal x qualidade subjacente que representa.
Procuramos nos indivíduos uma série de qualidades que sejam compatíveis com nossa personalidade. Todavia, perceber essas qualidades em um curto espaço de tempo não é fácil. Por isso, é de extrema importância estar atento aos sinais que a mesma transmite.
No âmbito digital, onde as interações não acontecem de maneira repetida como na vida real, os receptores devem confiar nos sinais. No ciberespaço, uma opinião de um indivíduo acerca de outro, pode se espalhar através de uma comunidade e com isso fazer com que o “outro” encontre dificuldades de interação. Nas redes sociais, esse é um conceito que permite a cooperação através de uma estrutura de manutenção da reputação.

Tópico 2 - Expor conexões para verificar identidade pessoal e assegurar co-operação: A autora apresenta duas formas de se fazer uma previsão acerca de uma exibição pública: 
- Uma vez que as conexões são ligadas a um perfil confiável, isto sugere que a auto-apresentação é honesta. 
- Desde que a o perfil faça alguma conexão, o que significa torná-la pública, isto deve garantir o comportamento co-operativo.
Mesmo assim, é fator crucial saber identificar a identidade, uma vez que é muito comum no mundo virtual a utilização de perfis fakes. Diferente do mundo real, onde a identidade é composta também por um corpo. No âmbito virtual, a identidade é mutável, onde se é possível criar pseudônimos e manipular imagens e informações, podendo assim agir livremente. 
Em situações, tais como jogar online, a facilidade de criação de personagens imaginários e pseudônimos é plenamente aceitável. Porém, em muitas situações como apoio, troca de bens e serviços, encontrar amigos e procurar empregados, não é. Assim, o custo de ser enganado pode ser relativamente alto, e vale a pena assumir e demandar custos maiores de forma poder confiar na identidade alheia.
Tópico 3 – Formação de conexões e combinando contextos: Os sites de redes sociais tem como principal objetivo ajudar os indivíduos a fazer novas conexões. Parte-se do pressuposto de que existe um contato anterior no mundo real, ou simplesmente ter conexões em comum. Essa é uma situação normal, uma vez que no mundo real ao conhecer um novo indivíduo, busca-se estabelecer contatos em comum.
Uma boa razão para se formar conexões são os focos de interesse. As pessoas buscam se conectar a outras que possuem interesses, amigos e experiências em comum para que assim seja possível formar uma rede de conexões. A busca de conexões através de um foco de interesse acaba por muitas vezes limitar as conexões do indivíduo.
Além de interesses, experiências e objetivos em comum, pessoas também podem vir a se tornar um foco de interesse.

Tópico 4 – A expansão da rede: O objetivo das redes sociais é expandir seus contatos. Conhecer novas pessoas, obter novas oportunidades e formar novas conexões de uma maneira mais prática e simples do que no mundo real. O indivíduo com o qual a pessoa se deseja conectar está a simplesmente um clique de distância.
Uma grande rede de amigos no mundo real pode sair bastante caro, uma vez que necessitaríamos nos conectar através de redes telefônicas e encontros esporádicos, além do fato de que seria impossível manter contato com todos os amigos de maneira simultânea. Todavia, no mundo virtual, com apenas um email pode-se resolver essa questão e se conectar a todos os amigos ao mesmo tempo.
A construção de laços e redes pode variar de cultura para cultura, e de pessoa para pessoa. Em muitos lugares, a rede pessoal é essencial na vida diária. Porém, para a construção desses laços é necessário uma série de fatores como o contexto em que se formaram, a frequência de contato e a proximidade da relação.

Tópico 5 – A evolução dos sites de redes sociais/Conclusão: Os sites de redes sociais continuam crescendo de maneira acentuada e tudo indica que essa tendência continuará pelos próximos anos. A grande maioria desses sites já recebem investimentos significativos.
Porém, há também indícios que de os sites de redes sociais possam vir a ser apenas uma mania recente. Os comportamentos são bastante semelhantes na maioria dos sites de redes sociais, partindo do pressuposto de que todas elas tem um ciclo de vida bastante parecido e o objetivo dos indivíduos, na grande maioria dos casos é acumular um grande número de amigos ou seguidores.
Esse fenômeno aconteceu em sites como o Friendster, Orkut e outros, e tudo indica que continuará acontecendo.
Por fim, fica a questão se os sites de redes sociais podem não vir ser uma completa revolução na forma de se viver e interagir em sociedade ou será que teremos que nos acostumar essa nova realidade.

Autoapresentação e gerenciamento de impressões em redes sociais digitais

GEORGALOU, Mariza. "Pathfinding" Discourse of Self in Social Networks Sites. In TAIWO, Rotimi. Handbook of Research on Discourse Behavior and Digital Communication - Language Structures and Social Interaction. IGI Global, New York, 2010. (p. 39 - 62)

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Por André Neves e Gilberto Coelho


Sobre a autora: Mariza Georgalou é professora no Departamento de Linguística e Língua Inglesa na Universidade de Lancaster desde outubro de 2009. Seu interesse de pesquisa perpassa pela linguística, estudos culturais e mídia, juntamente com a sociologia com o objetivo de refletir sobre como a identidade pessoal e social pode ser discursivamente gerada, reproduzida e co-construída dentro através da Web 2.0.

Objetivos do capítulo: O texto tem o objetivo de discutir analisar a construção da identidade a partir do entrecruzamento multi/interdisciplinar entre os estudos lingüísticos, os estudos culturais, sociológicos e midiáticos. A partir desse contexto, o trabalho objetiva entender como a identidade pode ser discursivamente gerada, produzida e co-construída dentro dos sites de relacionamentos a partir de um estudo de caso, o Pathfinding, um portal grego que incorpora recursos de redes sociais.

Argumentação Central: A autora parte do princípio de que a identidade nas Redes Sociais não existem no vazio,elas estão encarnadasno discurso e estão subjacentes na linguagem. Parte ainda da idéias de que os sites de rede social (SNS) constituem uma arena cultural que dá origem aos processos de auto-apresentação (self-presentation)e gerenciamento da impressão (BOYD, 2011).
Diante disso a autora toma como dois princcípio para constituir a base que sustenta o seu trabalho; Primeiro, as ideias de Cristal (2001) e Thorne (2008) que têm pontuado que a internet não é apenas constituída de artefatos tecnológicos, mas,sobretudo de um fato social que se situa no campo da linguagem. Segundo, com base em Scollon ( 1997) a autora afirma que o discurso público e, consequentemente, o discurso na internet, é reconhecido como constituinte de identidade. Os modos de interação na Web 2.0 em geral e nas redes sociais, em particular, formam concedidos num contexto ideal para a traformação docotidiano, onde as práticas são traformadas, onde as pessoas alteram suas ações e conectam com outras pessoas (Boyd & Elisson, 2007, p. 224). A partir dessa base para desenvolvimento de sua pesquisa, Geargalou divide seu trabalho e m quatro seções, na primeira ela faz um apresentação de um esquema teórico para uma discussão a partir dos Estudos Culturais e da Sociologia; na segunda, descreve o palno metodológico e descreve os processos envolvidos; na terceira seção o estudo é dedicado à apresentação e interpretação da informação e, por último, ela apresenta os resultados e aponta possibilidades de futuras investigações.

O perfil dos sites / das redes sociais Geargalou parte de uma definição de redes sociais de Herring (2004) de que as SNSs pertencem ao tipo de produções midiáticas digitais que é midiática e são distribuídas/disseminadas através da internet. Segundo a autora, a partir desse pensamento os sites de redes sociais estão definidos como serviços que habilitam os usuários a: 1. criar um perfil público ou semi-público dentro de um sistema circunscrito; 2. Articular uma lista de outros usuários com quem desejam uma conexo, o chamado friendship: 3. visualizar e acessar não apenas uma lista de conexões, mas também aqueles que estão dentro do sistema. De acordo com essa definição o primeiro site reconhecido foi o sixdegrees.com, lançado em 1997 e expirado em 2000. As SNSs, segundo Geargalou, abriram novas rotas para as práticas em rede, pois são os usuários que determinam e modelam o serviço e o estilo. Os sites/redes d relacionamentos atualmente tem como funções das páginas de perfil informações como dat de nascimento, gênero, cidade, religião, filmes favoritos, atividades. Contudo, os usuários podem definir o que pode ou não ser mostrado, designar a aparência de sua página, adicionar gráficos, fotos músicas e vídeos. O aplicativos tem aumentado a versatilidade das SNSs, de modo que o ímpeto de construção de um site pessoal origem em vários aspectos. De acordo com o desejo / incentivo para criação de sites, a autora dividiu em 5 grupos:
Alpha socializers: Attention seekers: aqueles que logam apenas para ver os comentários Followers: Aqueles que logam nas redes sociais para ver o que seus companheiros Faithful: usuários UE buscam velhos amigos de escola, universidade e trabalho; Funcional: usuários que usam as redes sociais para uma proposta específica.


Network e o “self” A autora diz que a identidade pode ser amplamente definida como o posicionamento de si (self) e do outro (Bucholtz & Hall, 2005). Para estabelecer uma diferença entre esse posicionamento,ela mostra o posicionamento de Jekins(1996) que afirma as identidades se referem aos meios pelos quais indivíduos e coletividades são distinguido de outros indivíduos e coletivos em suas relações sociais.


“Methodological issues” Para a proposta da pesquisa, a autora descreve sua metodologia usada para entender como se dá a representação discursiva da identidade grega na era da Web 2.0. Ela descreve suas estratégias de coletas de dados, a partir da observação e imersão diária por 3 horas por dia para entender como se dão as extensões, limites, distinção e relações internas entre seus componentes, como também para desenvolver o para seu discurso pratica e idioma nomeia documentando qualquer observação e invisível, a autora personalizou seu próprio perfil no Pathfinding para se comunicar abertamente com usuários.

“The communicative setting of pathfinding” The Designer’s perspective Georgalou diz que a conexão ADSL foi lançada na Grécia em 2003, Para a proposta da pesquisa. Ela afirma ainda que o típico usuário grego da Internet é do sexo masculino e apresenta uma faixa etária de 30 a 35 anos, altamente educado e urbano.
O Portal pathfinding , criado em 1997 e desde então tem se estabelecido como um dos portais gregos de entretenimento, entretenimento e informação. Sua popularidade é atribuída aos serviços e de acordo com necessidades e os interesses combinando necessidades sociais com a funcionalidade social: Messenger, email, chat, fan clubs, shopping, notícias, esporte. Esses são exatamente os serviços que contribuem para a interação e “auto-expressão” (self-expression). Georgalou informa ainda que o usuários do site apresentam uma idade entre 18 e 44 anos e que 57% deles é de Atenas, 10% de Tessalônia e o restante é de todo restante da Grécia e Cyprus. A partir dessa prévia noção das funções do site ela aponta os seguintes elementos:

A perspectiva do usuário Para analisar se o usuário do site faz uma atualização de suas atividades na rede social, foi feito um questionário respondidos por 13 homens e 11 mulheres, com idade entre 13 e 47 anos, de diferentes regiões da Grécia e Ciprus.

First-person Self Nesse tópico, a autora, com base em Reisigl e Wodak (2001) faz a análise do perfil de Sophia dizendo eu Sophia constrói um perfil com o desdobramento de uma figura retórica de ironia como uma intensificação estratégica. Sophia cria, de forma humorística, um lugar fictício com alusão às qualidades germânicas para Tarzan.

Cultural Self Nesta categoria Georgalou aponta para a análise da auto-descrição cultural no panthfinder que inclui as seguintes enumerações: atividades favoritas, livros favoritos, álbuns favoritos, filmes favoritos, interesses, meus blogs, minha lista de desejos, meus clubes, meus sites favoritos e signos do zodíaco. Como resposta, na lista de hobbies e hábitos, as atividades favoritas de Sophia são resumidas em apenas uma palavra: você. Georgalou diz que a referência da segunda pessoa do singular é dúbia e pode ilustrar uma matrix referencia os seguintes significados:
a. você = meu amado (exclusividade). b. Um amante em potencial, em geral homem (parcialmente exclusivo) c. Você = todo leitor do meu perfil, blog, posts

O “self” como ator social (Self as social actor) Nesse tópico a autora analisa as escolhas dos aplicativos e das cores dos elementos que montam o perfil na rede escolhidos por Sophia na construção do seu “profile”, e diz que essas escolhas influenciam diretamente na auto apresentação na rede (self presentation), uma vez que, com base em Koller(2008), esses elementos tem função ideológica dos signos na formação social e no redirecionamento da identidade.

Co-construction of self A redes sociais tem ressignificado a palavra “amigo” para conectar alguém a outro que tem uma conexão online (Ofcom, 2008). Geargalou diz que, em sua pesquisa, notou que todos os usuários do pathfinding podem enviar comentários para outros sem que estejam necessariamente na sua lista de amigos. E, com base no perfil de Sophia, ela percebeu seis outras apresentações (representaçõs) temáticas: 1. Sophia como uma criança 2. Sophia como uma mulher sexy 3. Sophia como uma boa amiga 4. Sophia como um “internáutica ativa” 5. Sophia como uma artista 6. Sophia como uma patriota Geargalou analisa cada uma dessas temáticas no perfil de Sophia e diz que, em geral, a co-construção de identidade chega a uma identidade implícita que reivindica ser, sem dúvida, mais efetiva, esférica e espontânea do que a que o mero “ego-orquestrado”.

Conclusão / Conclusion Com base na análise etnográfica online do discurso, Geargalou diz que seu estudo buscou delinear como os locais de redes sociais podem prover um foro moderno para gerar, reforçar e disseminar aspectos de identidade social e pessoal; ela afirma ainda que a popularidade do pathfinding (seu objeto) e seu uso diverso, fazem dele um candidato ideal por analisar o valor e implicações do fenômeno a partir de uma visão grega. Geargalou conclui sua análise, afirmando que produzir e transmitir conteúdo em redes sociais pode ser um meio pelo qual a identidade da pessoa, estilo de vida e suas relações sociais passam a ser controladas, simultaneamente com a pessoa. Ela diz que as identidades não são auto-atualizadas, mas constituem-se por interação com outros.
Ela afirma que poderia ser interessante administrar o cruzamento dos Estudos culturais e linguisticos em perfis para descobrir padrões semelhantes ou diferentes em narrativas da identidade. Também poderia ser possível trabalhar com membros selecionados que têm perfis em mais de um local de rede social e analisar como discursam sobre identidade e como essas narrativas de identidade se apresentam.