BARASH, Vladimir; DUCHENEAUT, Nicolas; ISAACS, Ellen; BELLOTTI, Victoria. Faceplant: Impression (Mis)management in Facebook Status Updates.
MARWICK, A.; BOYD, D. I tweet honestly, I tweet passionately: Twitter users, context collapse, and the imagined audience.
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ALICE E. MARWICK (twitter: @alicetiara) é pos
doutoura pelo Departamento de Mídia, Cultura e Comunicação da Universidade de
Nova York (2010) e pesquisadora na Microsoft Research New Englanda in
Cambridge, MA. Sua dissertação examinou
como as pessoas usam as mídias sociais para aumentar o seu status, focando na divulgação de suas vidas, no processo de
micro-celebridades e se apresentando como “marcas”. Alice se define no blog tiara.org como um entusiasta da
internet de longa dada. No blog estão os seus pensamentos sobre softwares
sociais, tecnologia, cultura pop e política, além de outros assuntos de seu
interesse.
Veja
uma entrevista com Alice Marwick durante a Conferência Livre de Cultura – 2008
(clique aqui!)
DANAH BOYD (twitter: @zephoria)
é pos doutoura pela School of Information (iSchool)
na University of California-Berkeley), pesquisadora senior na Microsoft
Research, professora assistente de Mídia, Cultura e Comunicação na New York
University e pesquisadora visitante na Havard’s Berkman Centers. Suas pesquisas
focam na observação de como os jovens usam as mídias sociais nas suas praticas
diárias. Nos anos recentes Boyd estuda Twitter, blogging, sites de redes
sociais e outras formas de mídias digitais.
A pesquisadora mantém o blog Zephoria.org, cuja proposta, numa livre tradução, é “fazer conexões
onde previamente não existiam”.
Veja uma entrevista de Danah Boyd, veiculada pelo The Guardian, na
qual ela fala sobre privacidade de jovens na internet (clique
aqui!).
Objetivos: Este artigo investiga
como os produtores de conteúdo
navegam em “audiências imaginadas" no Twitter. As
autoras conversaram com participantes que têm diferentes tipos
de seguidores para compreender suas técnicas, incluindo a
de focar em diferentes públicos, esconder assuntos, e manter a
autenticidade.
Argumentação
Central: As
tecnologias das mídias sociais colapsam várias
audiências em contextos individuais, o que torna
difícil para as pessoas usar as mesmas técnicas on-line que elas
fazem para lidar com a multiplicidade na conversa cara-a-cara.
Algumas técnicas de
gestão do público lembram as práticas de
"micro-celebridade” e “marca pessoal”, ambas auto-promoção
estratégica. Nosso modelo de audiência em rede assume uma
comunicação de muitos para muitos através da qual
indivíduos conceituam um
público imaginado evocado através de seus tweets.
Tópico 1
–Imaginando a audiência on line
As
tecnologias complicaram as metáforas de espaço, problematizando também a crença
de que as audiências estavam separadas uma das outras. Neste tópico é mencionado o trabalho inicial
de Joshua Meyrowitiz, publicado em 1985 e intitulado No Sense of Place (Sem senso de lugar).
Na obra
em questão, foi aplicada a teoria interacionista e teorizado que os meios
eletrônicos (como rádio e TV), ao eliminar barreiras entre situações de
separação social, haviam contribuído para as rápidas mudanças sócias do EUA nos
anos 1960. Para as autoras de forma similar a Self-presentation theory (Teoria
da Auto-Apresentação) tem sido utilizada para entender combinações de
audiências através dos meios digitais.
O advento
das “homepages” é exemplificado como um momento inicial das apresentações de
identidade multimídia. Com base nos estudos de Papacharissi (2002), Sachau and
Gilly (2003) e Robinson (2007), são descritas as características das homepages, como controle de self-presetation; a audiência indefinida;
e a generalização, o que torna as homes
mais isoladas do que os blogs que presumem contínua comunicação com a
audiência. O caso dos “dating sites” (paginas de encontros) também é citado. As
autoras consideram que neste tipo de mídia, as pessoas estão altamente
conscientes da audiência. Citando Ellison et al (2006) elas lembram que os
anúncios pessoais, nos “dating sites”, são construídos com alta dose de self-consciousness porque as pessoas
sabem que serão examinadas por seus pretendentes.
Para Marwick
e Boyd há algo de semelhante entre as redes sociais e os “dating sites”, quando
os usuários marcam suas preferências, baseado na audiência imaginada de seus
amigos e pares. Nesta vertente é mencionado o study of “taste cultures” (Estudo de gostos culturais) em sites de
redes sociais, de Liu (2007), quando a autora diz que alguns participantes das
redes listam suas preferências de filmes, músicas, programas de TV, etc, para
transmitir prestigio, singularidade ou preferência estética.
Tópico 2
– Twitter
A parte inicial deste tópico apresenta o Twiiter ao
leitor. São mencionados o perfil e as características desta rede social. A escrita
até 140 caracteres; a pergunta inicial “What are you doing?” (O que você está
fazendo?); a time-line; a possibilidade de postar fotos; etc. Depois é um
brevíssimo relato de como a rede surgiu e cresceu. O serviço foi lançado em
2006, mas teve crescimento exponencial entre 2008-2009. Em maio de 2009, o
Twitter tinha 18,2 milhões de usuários, um crescimento de 1.448% desde maio de
2008. As celebridades e pessoas públicas são as que possuem os maiores números
de seguidores, como exemplo é citado o caso do presidente Barack Obama, do ator
Ashton Kutcher e da cantora Britney Spears.
2.1
–Twiiter e audiência
Neste tópico é mencionada a desconexão entre
seguidores e seguidos no Twitter, ou seja, não existe obrigação técnica de
reciprocidade. Alguns usuários são
seguidos por centenas de milhares e seguem poucas dezenas. Vale ainda pontuar
que o número de seguidores é uma audiência potencial. Não há garantias e nem pode-se
esperar que todas as mensagens emitidas sejam lidas por todos os seguidores.
Uma forma de crescimento de números de seguidores
no Twitter é através da retransmissão de mensagens (retwitting). Isto porque o
ato pode introduzir os usuários a uma nova audiência. Vale salientar, no
entanto, que as mensagens “retwittadas” podem ser alteradas, criando a
possibilidade de perda de referência com a original. Conforme lembram as autoras, é virtualmente
impossível para os usuários saber quem é a sua audiência. Desta forma, sem
conhecimento especifico dela os usuários a imaginam.
Tópico 3 - Como usuários do Twitter imaginam
audiências
3 .1 –
Metodologia
Neste subtópico, Marwick e Boyd apresentam a
metodologia da pesquisa para a produçaõ do artigo. Elas explicam que as
questões da pesquisa foram feitas diretamente aos usuários do Twitter. Elas
enviaram questões para os seus seguidores e para alguns usuários que estavam na
timeline pública. Na pesquisa foram
envolvidas 300 “most-followed accounts (249 total)” e usuários com 1.000-15.000
seguidores.
Primeiramente foram feitas duas
perguntas:
·
“Quem
você imagina lendo os seus twitts?”
·
“Você
twitta para quem?”
Depois foi questionado:
·
O que faz
um indivíduo ser autêntico no Twitter?
·
Sobre o
que você não Twittaria?
·
Quais
assuntos são inapropriados para o Twitter?
Após a publicação das perguntas, as pesquisadoras
não tinham como avaliar quantas pessoas viram seus tweets. Elas anotaram que
receberam 226 respostas de 181 usuários, através de Directy Messages – DM
(Mensagens Diretas) ou de @replies. As respostas recebidas revelaram diferentes
perspectivas de audiência.
3.2 – Pra quem eu estou falando?
Os informantes da pesquisa conceituaram sua
audiência no Twitter de diversas e variadas maneiras. A maioria das repostas
focaram em categorias abstratas de pessoas, como “amigos”. Alguns focaram em si
próprios.
·
I
think I write to the people I follow and have twittered something recently. And
I also tweet to myself. Is that wrong?
(Eu acho que eu escrvo para as pessoas que eu sigo e
tenho twittado recentemente. E twitto pra mim também. Isso errado?)
·
I
guess I’m tweeting to my friends, fans... and talking to myself.
(Eu acho
que estou twittando para meus amigos, fãs... e falando comigo mesmo)
Diante das respostas, transcritas
acima, aborda-se algumas questões. São mencionadas a dificuldade de
singularizar a palavra “amigo” nas redes sociais e o costume das pessoas em imaginar
o Twitter como uma rede social, onde eles podem comunicar com amigos
pré-existente.
As pesquisadoras também
observaram tipos diferentes de posicionamentos para quem os informantes que se
referiram a si próprios como audiência. Para elas, alguns pensam no Twitter
como um diário, onde eles podem gravar as suas vidas. Já outros, observam na
rede social um serviço onde eles podem expressar opiniões sobre si próprios. O
artigo observa, entretanto, que tais pessoas não estão twittando pra o nada. Eles
têm seguidores e seguem outros, mas, a ênfase em si própria implica que estas
pessoas não estão preocupadas com a reação das outras. De modo similar, alguns
poucos viram a elaboração de tweets para uma audiência particular como
problemática.
· when
I tweet, I tweet honestly, I tweet passionately. Pure expression of my heart.
(quando
eu twitto, eu twitto honestamente, eu twitto apaixonadamente. Pura expressão do
meu coração)
A partir deste ponto o texto discute acerca da
questão da autenticidade. Neste ponto quando o usuário fala conscientemente
para uma audiência é visto como “inautêntico”.
As autoras citam Grazian (2003) para lembrar que autenticidade também é
uma construção social.
Outros que responderam as
questões sugeriram que as concepções de audiência dependem do Twitter. Para as
autoras, quem observa dessa forma imagina o Twitter como um meio, igual ao
telefone ou e-mail, o qual pode ser usado para diferentes propósitos. No
entanto, elas estabelecem diferenças chamando atenção para o fato de que um
típico e-mail (assim como o telefone - grifo nosso) é uma comunicação com uma
audiência articulada, com uso particular e o Twitter é preliminarmente público.
3.2 - Audiências estratégicas
Marwick e Boyd iniciam este subtopico lembrando
que, em contraste com noções gerais de audiências imaginadas, os usuários do
Twitter possuem número de seguidores específicos. Alguns são seguidos por
amigos, familiares e colegas de trabalho, já outros chegam a ter 100.000
seguidores. Esta quantidade sugere uma base de fãs ou comunidade que eles podem
gerenciar.
O artigo destaca as estratégias de micro-celebridades,
descritas por Senft (2008) como uma técnica de comunicação que envolve as
pessoas e amplia sua popularidade na web
através de vídeos, blogs e redes sociais. As autoras então pontuam que
“micro-celebridade” implica que todos os indivíduos tem uma audiência que eles
podem estrategicamente mantê-la através de comunicação contínua e interação,
utilizadas até mesmo por as celebridades tradicionais e pessoas públicas.
· TychoBrahe:
Honestly, I have no idea who reads them. Hopefully a very small group of very
forgiving people!
(Honestamente,
eu não tenho ideia de quem os ler. Espero um grupo muito pequeno de pessoas
muito perdoativas)
Há também o caso daqueles que reconhecem a sua
atual audiência, mas não as veem como uma audiência intencional. Nesta situação é citado o exemplo de Jason
Goldman um empregado do Twitter que diz não pensar em audiência, mas às vezes
pensa em sua namorada, colegas de trabalho e na sua mãe. Para ele, se pensasse
em audiência antes de twitar seu tweets não se mostrariam verdadeiros.
As autoras concluem este subtópico lembrando que a
variedade de audiências imaginárias deriva das diversas maneiras em que o
Twitter é utilizado. Seja como meio de transmissão, diário, canal de marketing,
plataforma social ou fonte de notícias. Trata-se de uma audiência de concepção
abstrata e variada entre os usuários do Twitter em parte porque é muito difícil
verificar quem está ali.
Tópico 4 – Navegando em Audiências Múltiplas:
Como muitos sites de redes
sociais, o Twitter nivela várias audiências em uma - um
fenômeno conhecido como "colapso
de contexto". A exigência de apresentação de uma
identidade singular verificável torna impossível
diferir estratégias de auto-apresentação, criando tensão à medida
que diversos grupos de pessoas migram para sites de redes
sociais (Boyd, 2008). As configurações de privacidade por si sós
não resolvem isso, mesmo com contas privadas que
apenas certas pessoas podem ler, os participantes têm que lidar
com grupos de pessoas que normalmente não reúnem, como conhecidos,
amigos, colegas de trabalho e familiares. Para navegar por
essas tensões, os usuários do site de redes sociais adotam
uma variedade de táticas, como o uso de várias contas, pseudônimos e apelidos, e
criam os ‘fakesters’ para encobrir suas identidades reais
(Marwick, 2005). As grandes audiências para sites como o
Facebook ou MySpace podem criar um efeito de
menor denominador comum, como indivíduos só postarem
coisas que eles acham que o
mais amplo grupo de conhecidos verá como não-ofensivas. Da mesma
forma, os usuários do twitter gerenciam estrategicamente audiências
múltiplas e sobrepostas, escondendo informações, dirigindo
os tweets para diferentes públicos e tentando
retratar tanto um self autêntico quanto uma personalidade
interessante.
4.1 – A
Necessidade de Navegar - As
autoras questionam por que os usuários precisam navegar em multiplicidade e
recorrem a Erving Goffman (1959) em seu trabalho seminal “A apresentação do self na vida cotidiana” para buscar uma
resposta. Goffman conceituou a identidade como uma performance contínua, que em
alguns momentos lança mão de algumas estratégias de palco e em outros aciona
dinâmicas de bastidores. Nesta perspectiva, seríamos todos atores, adaptando
nossa auto-apresentação com base no contexto e na plateia. É como se as
estratégias de palco estivessem associadas ao self público e as de bastidores,
ao self privado, pois – de acordo com as autoras – é nos bastidores que as
conversas mais sinceras acontecem.
O
trabalho de Goffman é freqüentemente classificado
como interacionismo simbólico, uma perspectiva sociológica que
sustenta que o significado é construído através da interação,
linguagem e interpretação (Blumer, 1962; Strauss, 1993). O
Interacionismo Simbólico afirma que a identidade e o self são constituídos através
de interações constantes com os
outros -principalmente conversas. Em outras palavras,
a auto-apresentação é colaborativa. Indivíduos
trabalham juntos para defender auto-imagens preferenciais
de si mesmos e seus parceiros de conversação, através de
estratégias como a manutenção (ou 'salvamento') da imagem (face), incentivando coletivamente as
normas sociais, ou negociando os diferenciais de poder e
divergências.
No cenário de
hoje saturado de mídia, políticos e celebridades usam 'polissemia'
ou comunicação codificada, apelando simultaneamente
para diferentes públicos, mesmo de oposição
(Albertson, 2006; Fiske, 1989). A imagem inicial de
Madonna exemplifica a polissemia. Ela foi interpretada de
forma diferente por mulheres jovens, que responderam as mensagens
feministas dela; e homens jovens, que responderam a sua persona sexy
(Fiske, 1989). Da mesma forma, George W. Bush espalhou referências
codificadas de hinos, versículos bíblicos e cultura
evangélica em seus discursos para apelar à sua base sem
alienar os outros (Albertson, 2006).
4.2
– Equilibrando as Expectativas da Audiência – Para as pesquisadoras, o
público imaginado afeta a forma como as
pessoas twittam. Pessoas com poucos seguidores,
que utilizam o site por outros motivos que não a auto-promoção,
em geral, vêem o Twitter como um espaço pessoal onde
spam, publicidade e marketing são bem-vindos. Seguindo o
paradigma do Interacionismo Simbólico, a identidade no Twitter é
construída através de conversas com os outros. Os tweets
são formulados parcialmente com base em um contexto
social construído a partir dos tweets de pessoas que se
segue. Os participantes devem manter o equilíbrio entre uma
norma social contextual de autenticidade pessoal que incentiva
a partilha de informação e a comunicação fática (a tão
citada ‘o que eu tomei no café da manhã’, por exemplo) com
a necessidade de manter as informações privadas, ou pelo
menos escondidas de certos públicos. A tensão entre revelar e
esconder geralmente erra no lado de esconder no
Twitter, mas até mesmo usuários que
não postam nada escandaloso devem formular tweets
e escolher os temas de discussão com base em
julgamento público imaginário. Essa consciência implica no
desempenho de uma identidade de palco em curso que equilibra o desejo de manter impressões
positivas com a necessidade de parecer verdadeiro
ou autêntico com os outros.
4.3
– Auto-censura – De
acordo com Marwick e Boyd, as preocupações com o
trabalho influenciaram tanto o que as pessoas twittaram
quanto o que elas auto-censuraram. Por exemplo, uma freelancer disse:
"Eu sempre mantenho meus
clientes em mente. Quero transmitir inteligência e
profissionalismo e diversidade - Eu quero ser vista
como interessada em um monte de coisas."
Ela poderia apresentar-se contra o contexto social de um
público imaginado de outros profissionais. Participantes do twitter mantêm
uma persona pública para gerenciar as
impressões com potenciais leitores. O ‘colapso de contexto’
cria um público que muitas vezes é imaginado como seus
membros mais sensíveis: pais, parceiros e chefes. Este “leitor pesadelo”
é o oposto do “leitor ideal” e pode limitar o
discurso pessoal no Twitter, uma vez que a filosofia de
compartilhamento do menor denominador comum limita os usuários aos
tópicos que são seguros para todos os
leitores possíveis. Enquanto as pessoas falam sobre temas
polêmicos no Twitter, os entrevistados para este estudo mostraram
que alguns são
mais propensos a evitar temas pessoais que implicam uma
verdadeira intimidade e conexão entre os seguidores. Em vez
disso, eles podem moldar o Twitter como um lugar onde as
normas mais rígidas são aplicáveis.
4.4
– Equlíbrio – As
autoras mostram, através dos depoimentos com participantes do Twitter, que alcançar
o equilíbrio nas redes sociais é complicado. Para tentar manter a atenção dos
seguidores, alguns dos participantes utilizam técnicas da comunicação
polissêmica e codificada para gerenciamento de imagem de especialistas.
Micro-celebridade, uma prática aprendida e apoiada pela
infra-estrutura das mídias sociais, pode criar tensão. O modelo de amizade dirigida
do Twitter substitui 'amigos' por seguidores e exibe o
número de seguidores na página do Twitter de cada pessoa,
criando um status social de métrica quantificável. Práticas de
Micro-celebridades como interagir diretamente com os seguidores, apelando
para vários públicos, criando uma afável marca e partilha de
informação pessoal são recompensadas e,
conseqüentemente, encorajadas, na Cultura do Twitter. A
capacidade de atrair e direcionar atenção torna-se um
símbolo de status.
Ao mesmo tempo, a prática de micro-celebridade pode ser vista como não
autêntica.
Tópico 5 – Da Difusão à Rede:
O Twitter é um exemplo
de tecnologia com um público em rede. Audiências da
mídia são sempre imaginárias, se existirem na mente do
escritor ou como os alvos demográficos de uma sitcom. Mas,
enquanto Fiske (1989) argumenta que o público da difusão é
uma ficção para servir as necessidades das instituições de
mídia, a audiência do escritor serve ao escritor. Estes dois modelos
de público ajudam a contextualizar a audiência em
rede e seu impacto sobre o comportamento social online. A mídia em rede traz as mudanças que
Meyrowitz (1985) descreveu para as interações interpessoais. Em sites como
Twitter e Facebook, os contextos sociais que se costumava imaginar como
separados co-existem como as partes da rede. As pessoas aprendem como
gerenciar as tensões entre o ‘público’ e o ‘privado’, o ‘de casa’ e o ‘estrangeiro’,
e as performances ‘no palco’ e ‘nos bastidores’. Eles aprendem práticas de
micro-celebridade que podem ser usadas para manter o interesse
público. Mas, o Twitter faz com que alguns conflitos inerentes fiquem
visíveis. Por um lado, o Twitter é visto como um espaço autêntico de
interação pessoal. Por outro, as preocupações com normas sociais contra o
"oversharing” e com a privacidade significam que informações consideradas
muito pessoais podem ser retiradas das interações potenciais. Da mesma
forma, o desejo de ter 'fãs' ou uma "marca pessoal" conflita com o
desejo de pura auto-expressão e íntimas ligações com os outros. Desta forma,
fica claro que ao combinar interações públicas e interpessoais, o público em
rede cria novas oportunidades de conexão, mas também, novas tensões e
conflitos.
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