sexta-feira, 20 de abril de 2012

Questões enviadas pelos alunos relacionadas aos textos


BARASH, Vladimir; DUCHENEAUT, Nicolas; ISAACS, Ellen; BELLOTTI, Victoria. Faceplant: Impression (Mis)management in Facebook Status Updates.

MARWICK, A.; BOYD, D. I tweet honestly, I tweet passionately: Twitter users, context collapse, and the imagined audience.

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Algumas pesquisas sobre comportamentos dos usuários no Facebook, incluindo uma recente da Hi-Mídia e  M.Sense, revelam que esta rede tem forte apelo para comunicação com familiares e amigos, muitas vezes já conquistados no “ambiente offline”. Este tipo de relação mais próxima pode explicar, pelo menos em parte, o êxito das dimensões “cool” e "entertaining" para um face work de sucesso nesta rede?

A diversidade da audiência no Twitter pode de fato dificultar o processo de auto- apresentação?  Ou tendemos a simplificar a audiência imaginada para facilitar o nosso gerenciamento de impressões?

No texto Faceplant: Impression (Mis)management in Facebook Status Updates, os autores sugerem as dimensões cool e entertaining como relevantes para o sucesso de face-work em sites de redes sociais, especificamente em atualizações de status do Facebook, mas não poderíamos supor que este sucesso é contextual? Melhor dizendo, auto-apresentações não seriam bem sucedidas com base em intenção e expectativas? A audiência como “amiga” não pode esperar e até mesmo reivindicar do participante atualizações uncool e boring para se filiar? Ou seja, esses atributos seriam socialmente aprovados por quem e para quem?

Marwick e Boyd afirmam que no Twitter existe uma desconexão entre followers e followed. Isso também não indicaria uma desconexão de foco (no sentido usado por Feld como as circunstâncias e razões pelas quais as pessoas se encontram e formam laços com as outras) nesta interação social online? Por exemplo, o fato de ser mais fácil discordar ou criticar os outros no Twitter porque eles não são nossos “amigos”, comprovaria esse descompromisso maior entre as conexões e/ou um maior comprometimento com nossas próprias opiniões? Então, o que une de fato as pessoas neste ambiente?

O texto Faceplant - Impression (Mis) management in Facebook menciona que os usuários das redes sociais, para construir imagens bem sucedidas, tendem a postar feeds que reforcem a idéia de que são legais ou divertidos – ddimensões que, segundo os autores, são vistas como mais predominantes no “jogo” de gerenciamento de impressões. Mas o que dizer dos usuários que conseguem projeção/fama nos SNSs investindo em atributos “negativos”, como sarcástico, briguento ou mal-humorado?

O twitter do jornalista Ricardo Noblat foi apontado como um dos mais seguidos do Brasil e o mais influente na área política, podendo ser considerado uma microcelebridade brasileira. Citado este exemplo “nacional”, quais são os desafios enfrentados no processo de gerenciamento do publico em rede, uma vez que o universo de seguidores tende a ser crescente e com perfis os mais diversos possíveis? O tempo e a energia necessários para que o “dono/autor” do twitter faça um gerenciamento eficiente de sua rede (analisando os feedbacks, verificando a repercussão de seus posts e dando respostas) não estaria sendo desviados daquilo que deveria ser a meta principal dos seus tweets (expressar uma opinião, contar algo de vivenciou, compartilhar uma informação, etc)?

Os resultados da pesquisa de Barash mostram a alta relevância das postagens ‘cool and entertaining updates ‘ para gerenciamento de micro impressões de sucesso. Essa tendência  não plenamente percebida pelos usuários; pode anunciar faces simuladas para fins intencionais de controle e manipulação em sites de consumo e ou espaços virtuais(como jogos) que viciam?

Pensando nas ideias de Jodi Dean (2002), o comportamento no twitter pode ser pensado como uma compulsão por um consumo narcísico do que em si mesmo é passível de ter/ser desejado pelo outro?

 Embora o trabalho de Goffman nos passe uma bem estabelecida metáfora (palco e platéia) para a compreensão do gerenciamento de impressão, o texto de Barash, Ducheneaut, Isaacs e Bellotti nos mostra a possibilidade de um espetáculo com um "palco flexível", que "se adapta à platéia" de acordo com "os aplausos ou vaias"?

Segundo o texto de Marwick e Boyd, "muitos indivíduos conceituam um público imaginário, que é evocado por meio de seus tweets". Essa necessidade de se comunicar visando aumentar a audiência, influenciada pela necessidade de sucesso ou pela necessidade de atenção, faz com que artifícios estratégicos sejam utilizados, deliberadamente, em todos os posts? Ou trata-se de mensurar e gerir se quem você e as coisas que você faz interessam a ponto de formar uma audiência?

No artigo de Vladimir Barash et al, os autores apontam empiricamente que, em redes como o Facebook, as pessoas tendem a ver os posts dos outros de forma positiva. Este resultado teria sido impulsionado pelo fato de as pessoas estarem analisando seus próprios amigos? O sentimento de pertencimento ao grupo não faria com que a  pessoa tendesse a apresentar os membros daquele grupo de maneira positiva?

Marwick e Boyd apontam que, no Twitter, os usuários que querem construir uma audiência devem balancear a autenticidade pessoal às expectativas da audiência. De que forma os portais noticiosos podem construir esta autenticidade na medida em que eles não passam de "pessoas jurídicas".? Caminharemos para um cenário em que os meios de comunicação serão representados nas redes sociais pelos seus jornalistas e não por perfis da empresa ou das editorias?

Na busca de informação sobre o outro como processo de interação nas redes sociais, mas que se dá pelo anonimato, constitui-se numa quetão que deve ser problematizada, uma vez que interação pressupõe aproximação entre os indivíduos que interegem e aproximação  pressupõe a existência de um conhecimento entre eles. Seria esse anonimato o gerenciamento da impressão que NÃO pretendo causar no outro através dessa auto-apresentação anônima? Ou ainda. seria a auto-apresentação anônima uma auto-apresentação, uma vez que o prefixo "auto" faz uma referência a si mesmo? 

Há de se problematizar ainda sobre o outro de quem buscamos informação para estabelecer uma intereção. Seria o outro um sujeito "informável" ou seria o outro "um outro" do outro (também constituído no anonimato gerenciado)?
Barash, em seu texto, se propõe também a identificar um determinado tipo de post mais propenso a receber comentários e "likes" nas redes sociais. Da maneira como foi construída não seria uma tentativa a esmo? Uma vez que as próprias redes de conexão entre usuários são articuladas conforme gosto pessoal, preferências e afinidades, observar o padrão de postagens que mais repercutem não seria um estágio posterior à observação do grupo em si?

O artigo de Marwick e boyd transita acerca da relação entre o gerenciamento de impressões e as redes sociais digitais, apontando desdobramentos como múltiplas audiências, audiência imaginada, autoapresentação enquanto processo colaborativo entre outros tópicos válidos de observação. Neste sentido, as autoras necessitam conceitar "página pessoal" (personal homepage) para subsidiar a discussão posterior no tocante às particularidades do meio observado. As autoras citam Papacharissi, descrevendo as páginas pessoais como "a carefully controlled performance through which self presentation is achieved under optimal conditions". O que configura as condições favoráveis para a autoapresentação e o consequente gerenciamento de impressão é inerente ao ator, ao interlocutor ou é algo in between?

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