BARASH,
Vladimir; DUCHENEAUT, Nicolas; ISAACS, Ellen; BELLOTTI, Victoria. Faceplant:
Impression (Mis)management in Facebook Status Updates.
MARWICK,
A.; BOYD, D. I tweet honestly, I tweet passionately: Twitter users, context
collapse, and the imagined audience.
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Algumas pesquisas sobre comportamentos dos usuários no
Facebook, incluindo uma recente da Hi-Mídia e
M.Sense, revelam que esta rede tem forte apelo para comunicação com
familiares e amigos, muitas vezes já conquistados no “ambiente offline”. Este
tipo de relação mais próxima pode explicar, pelo menos em parte, o êxito das
dimensões “cool” e "entertaining" para um face work de sucesso nesta
rede?
A diversidade da audiência no Twitter pode de fato
dificultar o processo de auto- apresentação?
Ou tendemos a simplificar a audiência imaginada para facilitar o nosso
gerenciamento de impressões?
No texto Faceplant: Impression (Mis)management in
Facebook Status Updates, os autores sugerem as dimensões cool e entertaining como
relevantes para o sucesso de face-work em sites de redes sociais,
especificamente em atualizações de status do Facebook, mas não
poderíamos supor que este sucesso é contextual? Melhor dizendo,
auto-apresentações não seriam bem sucedidas com base em intenção e
expectativas? A audiência como “amiga” não pode esperar e até mesmo reivindicar
do participante atualizações uncool e boring para se
filiar? Ou seja, esses atributos seriam socialmente aprovados por quem e para
quem?
Marwick e Boyd afirmam que no Twitter existe uma desconexão
entre followers e followed. Isso também não indicaria uma
desconexão de foco (no sentido usado por Feld como as circunstâncias e razões
pelas quais as pessoas se encontram e formam laços com as outras) nesta
interação social online? Por exemplo, o fato de ser mais fácil discordar ou
criticar os outros no Twitter porque eles não são nossos “amigos”, comprovaria
esse descompromisso maior entre as conexões e/ou um maior comprometimento com
nossas próprias opiniões? Então, o que une de fato as pessoas neste ambiente?
O texto Faceplant - Impression (Mis) management in Facebook
menciona que os usuários das redes sociais, para construir imagens bem
sucedidas, tendem a postar feeds que reforcem a idéia de que são legais ou
divertidos – ddimensões que, segundo os autores, são vistas como mais
predominantes no “jogo” de gerenciamento de impressões. Mas o que dizer dos
usuários que conseguem projeção/fama nos SNSs investindo em atributos
“negativos”, como sarcástico, briguento ou mal-humorado?
O twitter do jornalista Ricardo Noblat foi apontado como um
dos mais seguidos do Brasil e o mais influente na área política, podendo ser
considerado uma microcelebridade brasileira. Citado este exemplo “nacional”,
quais são os desafios enfrentados no processo de gerenciamento do publico em
rede, uma vez que o universo de seguidores tende a ser crescente e com perfis
os mais diversos possíveis? O tempo e a energia necessários para que o
“dono/autor” do twitter faça um gerenciamento eficiente de sua rede (analisando
os feedbacks, verificando a repercussão de seus posts e dando respostas) não
estaria sendo desviados daquilo que deveria ser a meta principal dos seus
tweets (expressar uma opinião, contar algo de vivenciou, compartilhar uma
informação, etc)?
Os resultados da pesquisa de Barash mostram a alta
relevância das postagens ‘cool and entertaining updates ‘ para gerenciamento de
micro impressões de sucesso. Essa tendência
não plenamente percebida pelos usuários; pode anunciar faces simuladas para
fins intencionais de controle e manipulação em sites de consumo e ou espaços
virtuais(como jogos) que viciam?
Pensando nas ideias de Jodi Dean (2002), o comportamento no
twitter pode ser pensado como uma compulsão por um consumo narcísico do que em
si mesmo é passível de ter/ser desejado pelo outro?
Embora o trabalho de Goffman nos passe uma bem
estabelecida metáfora (palco e platéia) para a compreensão
do gerenciamento de impressão, o texto de Barash, Ducheneaut, Isaacs e
Bellotti nos mostra a possibilidade de um espetáculo com um "palco
flexível", que "se adapta à platéia" de acordo com "os
aplausos ou vaias"?
Segundo o texto de Marwick e Boyd, "muitos indivíduos conceituam
um público imaginário, que é evocado por meio de seus tweets".
Essa necessidade de se comunicar visando aumentar a audiência, influenciada
pela necessidade de sucesso ou pela necessidade de atenção, faz com que
artifícios estratégicos sejam utilizados, deliberadamente, em todos os posts?
Ou trata-se de mensurar e gerir se quem você e as coisas que você faz
interessam a ponto de formar uma audiência?
No artigo de Vladimir Barash et al, os autores apontam
empiricamente que, em redes como o Facebook, as pessoas tendem a ver os posts
dos outros de forma positiva. Este resultado teria sido impulsionado pelo fato
de as pessoas estarem analisando seus próprios amigos? O sentimento de
pertencimento ao grupo não faria com que a pessoa tendesse a apresentar
os membros daquele grupo de maneira positiva?
Marwick e Boyd apontam que, no Twitter, os usuários que querem construir uma audiência devem balancear a autenticidade pessoal às expectativas da audiência. De que forma os portais noticiosos podem construir esta autenticidade na medida em que eles não passam de "pessoas jurídicas".? Caminharemos para um cenário em que os meios de comunicação serão representados nas redes sociais pelos seus jornalistas e não por perfis da empresa ou das editorias?
Marwick e Boyd apontam que, no Twitter, os usuários que querem construir uma audiência devem balancear a autenticidade pessoal às expectativas da audiência. De que forma os portais noticiosos podem construir esta autenticidade na medida em que eles não passam de "pessoas jurídicas".? Caminharemos para um cenário em que os meios de comunicação serão representados nas redes sociais pelos seus jornalistas e não por perfis da empresa ou das editorias?
Na busca de informação sobre o outro como processo
de interação nas redes sociais, mas que se dá pelo anonimato, constitui-se
numa quetão que deve ser problematizada, uma vez que interação pressupõe
aproximação entre os indivíduos que interegem e
aproximação pressupõe a existência de um conhecimento entre eles.
Seria esse anonimato o gerenciamento da impressão que NÃO pretendo causar
no outro através dessa auto-apresentação anônima? Ou ainda. seria a
auto-apresentação anônima uma auto-apresentação, uma vez que o prefixo
"auto" faz uma referência a si mesmo?
Há de se problematizar ainda sobre o outro de quem buscamos informação para estabelecer uma intereção. Seria o outro um sujeito "informável" ou seria o outro "um outro" do outro (também constituído no anonimato gerenciado)?
Barash, em seu texto, se propõe também a identificar um determinado
tipo de post mais propenso a receber comentários e "likes" nas redes
sociais. Da maneira como foi construída não seria uma tentativa a esmo? Uma vez
que as próprias redes de conexão entre usuários são articuladas conforme gosto
pessoal, preferências e afinidades, observar o padrão de postagens que mais
repercutem não seria um estágio posterior à observação do grupo em si?
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