BOYD, D. M;, ELLISON, N. B. Social network sites:
Definition, history, and scholarship. Journal of Computer-Mediated
Communication, 13(1), article 11, 2007.
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- O estudo acerca dos
grupos e das relações intergrupais divide-se, na linha da psicologia social, em
duas vertentes: os teóricos que compreendem um grupo enquanto unidade autônoma
com pouca interferência do nível individual e, por outro lado, os de tradição
mais individualista, que afirmam que a base para compreensão dos grupos é o
indivíduo, em sua dimensão psicológica. Na rede, no entanto, o intermédio
técnico possibilita interações que põem em xeque aspectos identitários que
determinam a formação do sujeito. Isto é, trocando informações com pessoas de
pontos distintos do planeta (diferentes contextos socioculturais), torna-se
mais fácil assumir diversos papéis sociais na comunidade virtual. A questão que
emerge deste contexto é se os meios de examinar a formação destes agrupamentos
são de fato válidos, visto a dinamicidade na formação/dissolução destes grupos.
Será que o modelo de etnografia virtual abrange um espectro geral ou se
restringe ao grupo que investiga?
- “Somos aquilo que
nos lembramos ter sido” (FILHO, 2009). Unindo esta citação à ideia de “persistência”
dos networked publics, apresentados
por Danah Boyd, é válido questionar: Como pensar a memória nos meios digitais,
uma vez que ao armazenar dados na rede, há consequentemente a possibilidade de
manipulação destas informações?
- “Quem sou eu a partir da perspectiva do outro”. “O outro pode nos dá um referencial sobre nós que não ‘conhecemos’, que não ‘sei’, que não ‘reconheço’”. “Gerenciamento de impressões pode remeter a idéia de falsear, esconder o que eu tenho de ‘ruim’ e evidenciar o que eu tenho de ‘legal’, mas o conceito não se refere a isto”. “Estratégias de gerenciamento de impressões: integração, auto-promoção, suplicação, justificativa e intimação. Usa-se estratégias diferentes a depender do ambiente, pois o(s) outro(s) também são diferentes”. Eu, o outro, estratégias, diferentes ambientes, gerenciamento etc. Nas redes sociais, ‘o real’ é aquilo que dizemos, apresentamos, postamos, compartilhamos? Ou ‘o real’ é aquilo que sabemos, ou julgamos que sabemos, que os outros esperam que digamos, apresentamos, postemos ou compartilhemos?
- Nas redes sociais, quando crio diferentes ‘eus” (um eu para cada uma das redes sociais – Twitter, Facebook, Orkut, MSN – ou quando crio diferentes ‘eus’ dentro da mesma rede social) eu não estaria agindo da mesmíssima forma de como eu ago nos ambientes ‘reais’ (aqui, refiro-me aos diferentes papéis sociais que desempenhamos)?
- Como podemos pensar as noções de "amigo" e de "amizade" diante desses sites de redes sociais que, a partir de uma dinâmica própria, vêm reconfigurando as relações sociais e inter-pessoais - nem sempre com base em valores - mas que muitas vezes revelam uma lógica quantitativa? É o fim da era do "melhor amigo"? No mundo contemporâneo, importa mais QUANTOS amigos você tem no Facebook? Por que será que alguns desses sites já substituíram o termo "amigo" por "seguidor"? Seria porque chamar de "amigo" pressupõe conversa e possibilidade de discordância?
- Achei muito interessante a ideia que a autora destaca no texto de 2011 de que, nos públicos em rede, a atenção se transforma em uma commodity (p.53). Um determinado público deixa de ser um mero 'grupo' para alcançar o patamar de 'rede' quando consegue gerenciar os fluxos de atenção em benefício próprio?
- Utilizando a
propriedade, “Scalabilit” listada por boyd , podemos refletir sobre casos
recentes, nos quais o usuário de rede social
é incapaz de mensurar a repercussão e proporção que um simples
comentário pode tomar? – exemplo: Mayara
Petruso.
- Até que ponto uma
audiência invisível ou imaginada é capaz de moldar os hábitos e influenciar a
construção e reconstrução de uma identidade na rede? Uma audiência” invisível” pode ser plenamente
diferente da audiência "real"?
- Pelo fato das SNS’s
exporem para vários públicos diferenciados a vida social, tangível ou
intangível, do indivíduo, como este gerencia as impressões provocadas pela sua
imagem, considerando que a partir da imagem que o ser passa, há uma nova
construção, que proporciona uma nova crença do que se é, em conseqüência, novas
formas de impressão e novos critérios a serem avaliados pelo o outro como
pertencente ou não, interessante ou não para sua rede?
- Como as novas
networked publics com a interação entre pessoas, tecnologia e prática podem
influenciar no capital social, formado pelo meio ambiente, capital físico,
organização social e tecnologia, contribuindo para práticas de desenvolvimento
sustentável?
- "O termo 'amigos' pode ser enganoso,porque a conexão não significa, necessariamente, a amizade, no sentido vernacular." (tradução livre). Partindo desta ideia, sugerida no texto de D. Boyd, Social network sites: definition, history
and scholarship, qual seria a necessidade dos usuários das redes sociais em
adicionar desconhecidos? Carência ou necessidade de plateia?
- Podemos dizer que os sites de redes sociais introduzem um novo entendimento dos tipos de laços criados entre os interagentes?
- Os sites de redes sociais criam novas formas de sociabilidade ou apenas dão uma nova “cara” ao conceito de sociabilidade?
- Quando pensamos a
corporiedade, enquanto linguagem corporal (composta de seus próprios signos,
significados, significantes) e não apenas um símbolo correlato inscrito no
corpo (que pode ser entendido como a transcrição dos esquemas coginitivos na
expressão linguageira); ela é passível de modelar e ser modelada pela mediação
das práticas diante da arquitetura dos ambientes virtuais?
- Os aplicativos sociais (como ferramentas)
podem ser pensados, numa aproximação conceitual com Foucault, como formas ou “dispositivos
de controle” para construção, manutenção e manejo de discursos sócio-culturais
na ambiência virtual? Ou talvez, numa outra aproximação conceitual, ser
entendido como os “dispositivos analisadores” de Guattarri?
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